(foto do meu leãozinho hoje de manhã)

Nunca gostei das palavras “terrible two” (terríveis dois). Acho forte demais, duro demais, um título exagerado de uma fase tão bonita. Mas devo admitir que estamos a passar por uma fase meio “terrível”. Têm sido umas manhãs loucas e atribuladas. Esta nova fase do Gui (mais uma) tem sido um desafio constante. Ajuda imenso termos plena consciência do desenvolvimento dele e da normalidade que representam estes momentos de frustração em que ele se exprime de uma forma diferente, ajuda respirar fundo, baixar-me ao nível dele vezes sem conta, e explicar tudo de novo, ou nem explicar nada e esperar que passe. O Gui nunca fez birras, pelo menos, o que me descrevem como sendo birras. Nunca chorou mais de 2 ou 3 minutos seguidos, nunca se recusou a largar alguma coisa, ou a vir embora de algum lugar. Pode até dizer não uma ou duas vezes, mas quando lhe explicamos devidamente, ele colabora imenso e aceita facilmente. Sempre nos sentimos bem por ser assim, por sabermos que com calma, com a noção clara que estamos a colaborar com ele e ele connosco, e não a mandar nele como muitos pais defendem, tudo se resolve e se consegue. Obviamente, nem sempre é fácil, nem todos os dias corre tão bem assim.

Nestes últimos dias, notamos que o Gui fica irritado facilmente. Num momento está a pular de alegria, no segundo seguinte está a chorar desolado e quase não nos ouve quando tentamos falar. Esperamos que passe, damos um abraço, falamos com calma, tentamos perceber o lado dele, mas a coisa só acalma passados uns minutos de histerismo puro que não sabemos de onde veio. Este fim-de-semana, dei comigo a perder a cabeça por uns instantes e senti-me a perder a paciência, falei mais alto, disse que não entendia, perguntei-lhe porquê! Ele não respondeu, só chorou mais ainda. Eu senti-me péssima, porque sei que sou eu a adulta, sou eu que tenho que saber manter a calma, sou eu que tenho mais auto-controlo.

As manhãs são atribuladas, não quer tirar o pijama, não quer a roupa que ele próprio escolheu, diz que as sapatilhas o magoam, não quer aquele pequeno-almoço, fica frustrado, atira coisas ao chão quando se irrita, diz que não quer sair de casa, chora. Eu vou respirando fundo, vou explicando, vou dizendo que compreendo, que também não me apetece sair de casa. Às vezes ajuda, às vezes nada ajuda. Estas tarefas matinais sempre foram feitas de forma muito fácil com ele, lavar as mãos, lavar dentes, vestir o casaco, sair de casa. Até há uma semana atrás, tudo isto fluía tão facilmente. Sei que é só uma fase, sei que o primeiro erro que posso cometer é sentir que ele está a ser injusto comigo, porque eu tento, e ele não colabora. Por isso encho-me de paciência e tento, uma vez mais, entende-lo e ajudá-lo a sair da cena que ele criou. Hoje tentei analisar a manhã, já sozinha. Coloquei-me no lugar dele e parece-me normal que ele não queira despir o pijama quentinho, parece-me normal que não lhe apeteça lavar os dentes porque está a brincar, entendo que não queira sair de casa quando estamos tão bem juntos ali.

Amanhã é novo dia, nova manhã, novo desafio. Talvez corra melhor. Ser mãe (e pai) é isto mesmo, tentar vezes sem conta, tentar mesmo depois de errar. Acima de tudo, não há mal nenhum quando tentamos ver o lado deles, não somos mais fracos por isso, somos uma família e, para mim, faz todo o sentido que nos sintamos bem, todos.