Foi há um ano, mas podia ter sido hoje. A única diferença é que acrescentaria mais amor a esta carta, mais momentos, mais cumplicidade, mais memórias. Todos os dias agradeço seres o pai do nosso filho. Espero que o Guilherme esteja a absorver tudo, a aprender tanto contigo para que sejas sempre referência dele, o norte dele, o guia dele. Entrego-te o meu filho cegamente se for necessário, e não há maior prova de amor e admiração.

Feliz dia do Pai!

Filho, hoje vou falar-te sobre o teu pai.

Mãe é mãe dizem.

E eu digo que Pai é Pai. Tu tens o melhor pai do mundo. O pai que foi pai assim que te ouviu pela primeira vez. O som forte do teu coração com 6 semanas. As lágrimas. As primeiras. Depois dessas vieram tantas.

Tu cresceste em mim filho, dentro de mim. Mas metade de ti é do pai. E ele quis estar contigo. E esteve. Esteve quando me deu a mão nas consultas. Esteve quando sofreu por mim. Esteve em todas as aulas que eu quis estar. Leu tudo o que podia ler. Ouviu-me. Aturou-me. Limpou-me as lágrimas. Cozinhou para mim durante quase 40 semanas. Carregou as compras. Montou os teus móveis sozinho. Mudou os quadros de sítio quando eu pedi. Dei com ele algumas vezes sozinho no teu quarto, à tua espera.

Na última noite que passámos em casa (ainda) sem ti, ficámos os dois acordados de mãos dadas e uma mão na barriga. Os três de mãos dadas. Os três unidos e preparados para o que estava a chegar. Quando o dia chegou fomos confiantes. Cedo, tão cedo. A mão dele sempre na minha. Deu-me forças. Disse que acreditava em mim. Em nós. Que eu era forte. Que eu conseguia. E deu-me chocolates às escondidas. Disse que eu era tão bonita.

Fomos para a sala de partos e o teu pai esteve sempre activo. Sabia tudo e eu sentia-me tão bem. Tão segura. Ele estava ali connosco. Nada nos ia acontecer. Deu-me a mão. Disse-me ao ouvido que estava na hora. Que eu era a mulher mais forte do mundo. Que me amava. Que te amava. E depois pegou em ti. E chorou. E fez-me chorar.

Vestiu-te. Foi ele que te vestiu pela primeira vez. E pegou-te e eu vi que te encaixavas no colo dele. Era o teu ninho. O teu sossego. Mudou-te fraldas. Ajudou-me em tudo. Pegou em ti sempre. Dormiu contigo. Beijou-te tantas vezes. Disse que eras tudo para ele. Que eras a vida dele. Acalmou-te. Disse-me sempre que eu era a melhor mãe do mundo. Que estava tudo bem. Que éramos uma equipa. Que o nosso filho era perfeito e que íamos ser capazes.

E fez-te rir. A primeira gargalhada que deste foi para ele. Também canta para ti tantas vezes. Faz-te dançar. Ficou contigo o primeiro mês. Não quis sair dali. Não quis ir trabalhar, não conseguia largar-te, desprender-se. Dá-te banho. Dá-te colo. Deu-te colo quando tinhas cólicas. E deu-me colo a mim também. O teu pai tem sempre espaço para nós os dois. Ficou contigo o último mês. Orgulhoso. Babado. Nunca está cansado de ti. Nunca está farto. Pega-te. Passeia-te. Levanta-se todas as noites para ver como estás. Fica ao teu lado quando estás doente. Chama-te filho com um amor tão singular. Tão natural. Às vezes, já estamos quase a adormecer e ele diz-me “o nosso filho é tão lindo”. E eu sorrio.

O teu pai é pai por instinto. É pai sem saber o que é ter um. Por isso é pai e mãe. É teu por inteiro. É o melhor Pai do mundo.

Feliz dia do Pai, Pedro.