Se me perguntassem como foi estar grávida do Gui em poucas palavras, uma delas seria “preocupação”. Admito que passei muito do tempo em stress…não sabia se estava tudo bem, preocupei-me tantas vezes! 1ª ecografia até saber que estava mesmo grávida e tudo implantadinho, depois cada uma delas passou a ser motivo de ansiedade para confirmar se estaria tudo bem na vidinha do bebé. Passava os meses a contar os dias para a próxima consulta, relaxava um dia e voltavam logo as teorias. Cada perda de sangue, cada dorzinha, cada suposta contracção, cada ausência de movimento, cada fase nova levantou um problema. Nunca me senti totalmente relaxada. A juntar a isso, os desconfortos e dúvidas normais, as histórias à minha volta (nem sempre as melhores), os quilos a aumentar na balança, o cansaço no final, as noites mal dormidas, a vida a mudar… O meu feitio não andou sempre no seu melhor e desejei tantas vezes que o dia do parto chegasse e tudo aquilo passasse. Não me interpretem mal, não pensem que não apreciei os momentos melhores…mas nós mulheres temos sempre tendência a pintar esta fase como maravilhosa e cor de rosa, quando muitas vezes não o é, muito menos para todas.

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39 semanas de Gui

Nunca pensei sequer quando ficaria novamente grávida. Na altura, atirei para o ar várias vezes “ui, agora nunca mais…ou daqui a muiiiito tempo”. A verdade é que não foi muito tempo depois que a vontade regressou. Achei que talvez fosse ser igual, que voltasse a estar extremamente preocupada, até porque conheci várias mães de segunda viagem que diziam que ainda se preocuparam mais com tudo.

Sabe-se lá porquê, mas esta tem sido uma gravidez pacífica. Não, nada disso, acham que me livrei de todos os problemas? Não. Dou o exemplo, logo no início tive perdas de sangue, procurei saber porquê claro, mas nas calmas. Estava tudo bem. Depois detectaram-me um quisto com 8 cm, fiz análises a marcadores tumorais e vieram alteradas..fui vigiada, o quisto aumentou, pensámos tirar, era arriscado…enfim, tudo passou e eu sempre calma. Claro que fiquei atenta à situação, mas achava mesmo que estava tudo bem! E estava, o quisto desapareceu. Depois o Gui apanhou o Parvovírus, para quem não sabe trata-se um vírus comum na infância e geralmente sem sequelas, mas grave para as gestantes (um dia escrevo mais sobre isso). A minha médica ficou alarmada, pediu-me para sair de casa uns dias (coisa que não fiz), deu-me muitas recomendações (que não pude seguir). Mais uma vez, claro que o meu coração ficou mais apertado, mas voltei a sentir que estava tudo bem. Nesses dias coloquei a mão na barriga e disse “vamos lá bebé, não é nada, a mãe não apanhou nada, toma conta de mim”. Ela tomou conta sim, e correu tudo bem.

Sinto-me bem, não tenho dores por aí além, não usocinta ou meias de descanso, não ando stressada com exames, só me lembro das consultas na própria semana, não ando a  fazer mais ecografias do que é suposto, não ando a ler “parvoíces” pela Internet fora, consigo caminhar, pegar no Gui, fazer tudo mais ou menos normal. A minha tensão é de passarinho, já me senti mal algumas vezes, já quase desmaiei, mas nem foi preciso ligar à médica…está tudo bem, é o meu lema. E está mesmo. Sinto que esta bebé, esta minha filha, para já, é a prova de tudo.Talvez porque agora já sei que as maiores preocupações são quando eles já nasceram, porque agora sei que são infinitas vezes mais frágeis “cá fora”, porque eu sei e acredito no meu poder de gerar este filho em segurança, porque eu sei que juntas somos mais fortes do que nunca e que agora ela tem tudo o que precisa dentro de mim, o meu corpo, o alimento, o movimento, o contacto e os meus pensamentos bons todos nela.

peix

22 semanas de Laura + Gui

Espero aguentar-me assim até ao final. Está a ser tão mais fácil sentir-me bem, desfrutar da gravidez, aproveitar o sol na barriga, vestir roupas leves e chinelos…senti-la mexer-se o dia todo enquanto tenho o Gui ao meu lado a correr. É tão bom estar a ver o irmão dela crescer, saber o que a espera cá fora.

Estou calma, não tenho pressa. Desejo muito que ela se mantenha bem e confortável até quando quiser, o mais tarde possível. Se eu puder sentir-me assim até ao fim, tanto melhor. Se não, espero poder encarar da mesma forma. Mas, para já, são duas gravidezes tão diferentes.

E vocês? O que me contam as mães de de segunda (ou mais) viagem?