Estando grávida pela segunda vez, torna-se natural começar a pensar nas principais alterações na nossa vida, especialmente na vida do Gui. Talvez esteja redondamente enganada, mas para nós, trata-se de um processo mesmo muito natural, como tudo na vida dele. Uma coisa é certa, o Gui tem uma participação muito activa no nosso dia a dia, na nossa casa, nas nossas rotinas, nas nossas decisões, desde sempre. Esta forma de lidarmos com o Gui, que acreditamos ser a mais fácil e benéfica para ele, claro que traz alguns “problemas”. Ele sente essa participação, é mais atento ao que dizemos e fazemos, percebe o que se passa à volta dele.

Apesar de ter apenas 2 anos e 2 meses, o Gui apercebe-se mesmo muito da gravidez. Eu não sabia bem como iria ser, se ele iria falar nisso, perceber que eu estava grávida, saber o que isso implica. A nossa decisão foi encarar com normalidade, sem alaridos. Contámos a novidade, celebrámos essa boa notícia, explicámos que ficámos muito felizes, tal como ficámos quando ele surgiu nas nossas vidas. Desde aí, é ele que nos guia. É ele que puxa o assunto, é ele que decide fazer festas ou dar beijinhos, é ele que escolhe se quer ou não falar na mana. Nunca lhe dizemos o que fazer e evitamos estar constantemente a falar disso. Ele tem ido a todas as consultas e acompanha a gravidez dentro das capacidades dele. Fica feliz quando a vê na ecografia, ainda que possa perceber pouco, fala nela, diz que ela vai dormir com ele, diz que lhe vai mudar a fralda, pergunta se ela vai beber leitinho, escolhe livros para ela, recebe prendas que foram chegando e ajuda-me a guardar as roupas que irão ser dela, e é ele quem por vezes diz a outras pessoas “ta aqui a mana”. Nunca pensei que ele fosse viver desta forma esta nova fase, tive alguns exemplos de crianças de idades semelhantes que simplesmente ignoraram o assunto, por isso, acreditamos que cada um lide de uma forma diferente com a vinda de um novo bebé.

Obviamente tudo isto é muito recente e uma coisa é a gravidez, outra a chegada do bebé a casa com todas as alterações que isso implica. Mas estamos cá para aprender a lidar com ele.

Para já, notamos algumas mudanças no comportamento dele.

  • Está muito mais apegado a mim. Passou a querer a mãe para tudo e diz que quer ficar comigo e com a Laura de manhã.
  • Começou a chorar para ficar na creche. Depois de um ano inteiro a ir feliz da vida, muitas vezes quase não se queria despedir tal era a euforia, agora tem sido mais complicado.
  • Pede para ver fotos dele na barriga e em bebé. Também me pergunta se mamava na maminha como a mana vai fazer e também quis ver fotos e vídeos.
  • Já tentou enfiar-se literalmente na minha barriga, mete a cabeça por baixo da minha camisola ou deita-se por cima de mim e da barriga.
  • Pede ainda mais colo, por exemplo, quer jantar ao meu colo, coisa que raramente acontecia. Quando alguém nos encontra e fala muito na barriga ou faz festinhas, ele automaticamente vem para o meu colo e já não sai mais!

Mas também temos registados momentos ternurentos maravilhosos.

  • Dá beijinhos na barriga, sem nunca lhe pedir.
  • Pede uma bolacha para ele e depois diz que outra é para a mana e faz-me comer a bolacha.
  • Já disse “o Gui gosta muito da Laura” completamente de forma espontânea. Nessas alturas costumo responder que ela também gosta mesmo muito dele e está muito ansiosa por poder conhece-lo e brincar com ele.
  • No fim-de-semana passado uma tia nossa veio visitar-nos e estava a falar-lhe e ele do nada diz “também está a aqui a Laura, diz olá” e aponta para a minha barriga.
  • Escolheu alguns livros (os que ele gosta menos é certo) e disse que são para a mana.

Sabemos que muito mais estará para vir, certamente alguns momentos mais desafiantes e dias menos bons…mas uma coisa eu tenho a certeza, serão momentos únicos e eu continuo a acreditar que a melhor prenda que podemos dar ao Gui é a felicidade de poder partilhar o amor com irmãos.