A Laura iniciou a alimentação complementar pouco depois de completar os 6 meses de aleitamento materno exclusivo. Quando iniciámos a alimentação do Gui, pouco ou nada sabíamos sobre Baby Led Weaning.
Na altura, iniciámos a sopa e fruta seguindo as indicações do pediatra. Era todo um stress, que quantidade comer, quais os legumes, como cozinhar, o que oferecer, por aí fora. Passava o dia a tirar medidas e ficava preocupada se ele não comia aquela quantidade.
O Gui não era fã de comer com a colher, e eu não era fã de o empanturrar com comida. Por isso, rapidamente chegámos ao BLW. Começámos, assim, a oferecer sólidos, a deixá-lo explorar a comida, comer com as mãos, seleccionar o que queria comer. Assim continuou, com uma abordagem mista entre sopas e purés, mas também sólidos. Comeu sempre bastante bem e com 14 meses comia a sopa toda sozinho usando a colher.

Gui 6 meses

 

Gui 7 meses

Vemos cada vez mais pais que se interessam por este assunto, ou não fosse a alimentação um dos pilares da nossa vida. Querem saber no que consiste o Baby Led Weaning, como se pratica, como se faz…mas quando damos conta, lá voltam às centenas de regras e preocupações.

BLW é muito mais do que dar sólidos para o bebé comer. Não passa por lhe oferecer de vez em quando um pedaço de comida e colocar a hashtag no Instagram #blw. Baby Led Weaning é aquilo a que podemos chamar de alimentação guiada pelo bebé, ao seu ritmo, sem seguir regras, mas observando o bebé, respeitado a fase em que ele se encontra. A ideia principal é incluir o bebé na alimentação da família, ter o bebé à mesa a partilhar um momento que é tão importante nas nossas vidas. O bebé passa a comer o mesmo do resto da família. Para isso, devemos adaptar as nossas refeições para que o bebé possa comer em segurança.

Na hora de seguir esta forma de alimentação, os pais preocupam-se muito. Será que se vai engasgar? Não é perigoso? O bebé vai comer o suficiente? Que alimentos podemos oferecer? Quando começar?

Nós também já tivemos essas dúvidas, e temos muitas outras, e eu acho fundamental que os pais se informem o mais possível. Devem ler sobre o assunto, pesquisar, falar com outros pais, e podem até consultar pessoas que já estão disponíveis para dar alguma ajuda neste campo como a enfermeira Marília Pereira do blog O Bebé Sabe e que dá consultas no Centro Pré e Pós Parto, ou a enfermeira Carmen Ferreira do blog Bebé Saudável.

Não pretendo fazer mais um artigo a dizer o mesmo. Podem encontrar muitas informações boas e úteis aqui:

Eu deixo-vos apenas alguns tópicos que resumem as principais dúvidas e preocupações dos pais. O primeiro é este:

Quando começar?

A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Mesmo não estando a amamentar, hoje sabemos que devemos prolongar o aleitamento o mais possível. O leite é o principal alimento do bebé até completar 12 meses (e deve ser mantido no mínimo até aos 2 anos). Antes mesmo do bebé estar pronto para começar a explorar a comida, devemos incluí-lo à mesa para começar a partilhar este momento. Os bebés aprendem imenso a observar.

Sinais de o que bebé está pronto para iniciar a alimentação:

  • O bebé senta-se sozinho (ou com ligeiro apoio)
  • Move bem cabeça
  • Consegue alcançar, agarrar e levar à boca diferentes objetos
  • Faz movimentos de roer e mastigar (e não apenas sugar)
  • Mostra curiosidade e interesse pelos alimentos

Sendo assim, é fácil compreender que não devemos iniciar a alimentação antes dos 6 meses. Em Portugal, isto é bastante difícil para muitas famílias, uma vez que a licença de maternidade é apenas de 4 meses. Nunca se deve iniciar a alimentação antes dessa idade (é muito desaconselhado e perigoso). Se optarem ou tiverem que iniciar a alimentação antes dos 6 meses, na maioria dos casos terão que começar por oferecer dieta líquida.

Depois há outros aspetos a ter em conta:

  • O bebé não está cansado ou com demasiada fome.
  • A amamentação continua em livre demanda (sim, o bebé pode e deve mamar antes, durante e depois, é quando ele quiser).
  • A oferta de comida deve ser saudável e adaptada às capacidades do bebé.
  • Devemos observar o bebé para perceber a sua disposição e RESPEITAR.
  • O bebé controla o que come. Os pais controlam o que oferecem.
  • O bebé come SEMPRE pela sua mão. Nunca coloquem nada na boca do bebé!
  • Não devemos apressar, distrair o bebé ou elogiá-lo constantemente.

Como tomámos esta decisão? Foi simples. Decidimos respeitar a Laura, como em tudo o resto. Hoje sabemos que os bebés não necessitam de qualquer alimento antes dos 6 meses de idade, a não ser leite materno. A grande maioria dos bebés que iniciam a alimentação antes dessa fase, comem deitados ou semi-deitados, rejeitam a colher e os pais são forçados a insistir, comem ao mesmo tempo que alguém os distrai ou lhes segura nas mãos. Seguindo esse método, o bebé está a ser forçado a alimentar-se, estamos a tentar ensinar-lhe algo que ele ainda não está preparado para aprender. Seria exatamente igual se tentássemos que um bebé de 2 meses se sentasse sozinho, ele nunca o faria a não ser sendo forçado e auxiliado.

Eu sou a favor, acima de tudo, de uma alimentação que respeite o bebé. E essa alimentação, mesmo sendo feita pelos pais recorrendo a sopas e purés, pode e DEVE ser respeitadora. Podemos estar a alimentar o nosso filho, mas observando os sinais, deixá-lo comer ao seu ritmo, respeitar sempre que o bebé recusa a colher, perceber que quantidade o bebé quer comer naquele momento, nunca forçar, nunca alimentar um bebé a chorar ou que está zangado, saber esperar o momento certo, muitos bebés recusam a sopa com 5 meses, mas comem super bem com 6 meses. Mais do que seguir o BLW, acho que devemos seguir um método que os respeite. Os bebés não precisam todos de comer o mesmo, e ninguém gosta de ser forçado a comer! A alimentação deve ser um momento em família, um momento feliz para os pais e para o bebé.

Tem sido um caminho fácil por aqui. A Laura continua a mamar em livre demanda, até hoje, ainda não notei qualquer redução na frequência. Ofereço sempre mama antes de nos sentarmos à mesa. Depois basta desfrutar do momento! Comemos os 4 juntos, sem pressas, com muitas risadas e alegria. Comer é alegria! A Laura ainda não comeu sopa, mas pretendemos que coma a seu tempo. Foi um dos aspetos discutidos no “Workshop Comer…que Alegria” organizado pelo Centro do Bebé (que falei aqui): o BLW deve adaptar-se a cada família e a cada cultura. Falei também com a Leonor do blog Na Cadeira da Papa e o que ela diz faz todo o sentido, se na nossa família comemos determinado alimento, porque não haveria o bebé de comer também?

A regra é simplificar. Acreditar, Respeitar e Confiar no bebé.

 

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