Se me perguntassem como foi estar grávida do Gui em poucas palavras, uma delas seria “preocupação”. Admito que passei muito do tempo em stress…não sabia se estava tudo bem, preocupei-me tantas vezes! 1ª ecografia até saber que estava mesmo grávida e tudo implantadinho, depois cada uma delas passou a ser motivo de ansiedade para confirmar se estaria tudo bem na vidinha do bebé. Passava os meses a contar os dias para a próxima consulta, relaxava um dia e voltavam logo as teorias. Cada perda de sangue, cada dorzinha, cada suposta contracção, cada ausência de movimento, cada fase nova levantou um problema. Nunca me senti totalmente relaxada. A juntar a isso, os desconfortos e dúvidas normais, as histórias à minha volta (nem sempre as melhores), os quilos a aumentar na balança, o cansaço no final, as noites mal dormidas, a vida a mudar… O meu feitio não andou sempre no seu melhor e desejei tantas vezes que o dia do parto chegasse e tudo aquilo passasse. Não me interpretem mal, não pensem que não apreciei os momentos melhores…mas nós mulheres temos sempre tendência a pintar esta fase como maravilhosa e cor de rosa, quando muitas vezes não o é, muito menos para todas.
Nunca pensei sequer quando ficaria novamente grávida. Na altura, atirei para o ar várias vezes “ui, agora nunca mais…ou daqui a muiiiito tempo”. A verdade é que não foi muito tempo depois que a vontade regressou. Achei que talvez fosse ser igual, que voltasse a estar extremamente preocupada, até porque conheci várias mães de segunda viagem que diziam que ainda se preocuparam mais com tudo.
Sabe-se lá porquê, mas esta tem sido uma gravidez pacífica. Não, nada disso, acham que me livrei de todos os problemas? Não. Dou o exemplo, logo no início tive perdas de sangue, procurei saber porquê claro, mas nas calmas. Estava tudo bem. Depois detectaram-me um quisto com 8 cm, fiz análises a marcadores tumorais e vieram alteradas..fui vigiada, o quisto aumentou, pensámos tirar, era arriscado…enfim, tudo passou e eu sempre calma. Claro que fiquei atenta à situação, mas achava mesmo que estava tudo bem! E estava, o quisto desapareceu. Depois o Gui apanhou o Parvovírus, para quem não sabe trata-se um vírus comum na infância e geralmente sem sequelas, mas grave para as gestantes (um dia escrevo mais sobre isso). A minha médica ficou alarmada, pediu-me para sair de casa uns dias (coisa que não fiz), deu-me muitas recomendações (que não pude seguir). Mais uma vez, claro que o meu coração ficou mais apertado, mas voltei a sentir que estava tudo bem. Nesses dias coloquei a mão na barriga e disse “vamos lá bebé, não é nada, a mãe não apanhou nada, toma conta de mim”. Ela tomou conta sim, e correu tudo bem.
Sinto-me bem, não tenho dores por aí além, não usocinta ou meias de descanso, não ando stressada com exames, só me lembro das consultas na própria semana, não ando a fazer mais ecografias do que é suposto, não ando a ler “parvoíces” pela Internet fora, consigo caminhar, pegar no Gui, fazer tudo mais ou menos normal. A minha tensão é de passarinho, já me senti mal algumas vezes, já quase desmaiei, mas nem foi preciso ligar à médica…está tudo bem, é o meu lema. E está mesmo. Sinto que esta bebé, esta minha filha, para já, é a prova de tudo.Talvez porque agora já sei que as maiores preocupações são quando eles já nasceram, porque agora sei que são infinitas vezes mais frágeis “cá fora”, porque eu sei e acredito no meu poder de gerar este filho em segurança, porque eu sei que juntas somos mais fortes do que nunca e que agora ela tem tudo o que precisa dentro de mim, o meu corpo, o alimento, o movimento, o contacto e os meus pensamentos bons todos nela.
Espero aguentar-me assim até ao final. Está a ser tão mais fácil sentir-me bem, desfrutar da gravidez, aproveitar o sol na barriga, vestir roupas leves e chinelos…senti-la mexer-se o dia todo enquanto tenho o Gui ao meu lado a correr. É tão bom estar a ver o irmão dela crescer, saber o que a espera cá fora.
Estou calma, não tenho pressa. Desejo muito que ela se mantenha bem e confortável até quando quiser, o mais tarde possível. Se eu puder sentir-me assim até ao fim, tanto melhor. Se não, espero poder encarar da mesma forma. Mas, para já, são duas gravidezes tão diferentes.
E vocês? O que me contam as mães de de segunda (ou mais) viagem?
2016-07-23 at 20:41
Olá, sou a Sónia, tenho 31 anos e também estou a viver a minha segunda gravidez, com uma especial particularidade: estou à espera de um casal de gémeos! Já tenho uma menina, a Mariana com 3 anos feitos em Maio, a ela vão juntar-se a Matilde e o Martim! Decidi comentar porque esta minha segunda gravidez, apesar de gemelar, está a ser vivida muito mais calmamente também! Nem tem comparação! E a ansiedade? Da Mariana, não via a hora dos 9 meses chegarem ao fim para a conhecer, costumava dizer que só devíamos andar grávidas 6 meses e chegava muito bem! Ainda por cima, como fiz uma barriga muito grande e comecei a ter aquela cara de grávida logo em meados de Abril, toda a gente me dizia que não chegava ao fim do tempo e isso ainda aumentava mais a minha ansiedade e o desejo de a ver pela primeira vez! Desta vez, ultrapassados os stresses e aflições iniciais por serem dois, está tudo muito mais zen! Trabalhei até mais tarde, fiquei de baixa às 31 semanas (da primeira entrei às 20/21 semanas), faço tudo na mesma apesar de já me sentir muito cansada e pesada, engordei quase o mesmo que da primeira mas desta vez menos para mim e mais para os bebés (a Mariana nasceu com 2.920 kg e eu engordei 16 kg, até agora com 35 semanas engordei 12 kg e cada um dos bebés pesa 2.400 kg!), não houve sinais de alarme, ainda não tenho contrações, agrada-me o facto de estar grávida em meses de calor porque as roupinhas são bem mais leves, frescas e giras!!! E quando me dizem ” deves estar desejosa que eles nasçam!”, não, não estou! Não estou com pressa nenhuma, não só porque não tenho pressa de não dormir de noite, mas acima de tudo porque quero que eles nasçam com o máximo de semanas possível para evitar incubadoras e mais do que 4 dias na maternidade!!! A única coisa que eu acho que é pior numa segunda gravidez é o parto, ou melhor, pensar sobre o parto! Da primeira não sabemos ao que vamos, o que até acaba por ser positivo, preparamo-nos para o pior (que não sabemos qual é) e a coisa até corre bem…Já numa segunda, confesso que estou mais receosa porque me lembro do que vivi na primeira, apesar de ter corrido tudo bem e até nem me posso queixar de ter sofrido grandes dores…mas acho que também tem a ver com o facto de os gémeos ainda não se terem decidido quanto à posição em que vão ficar definitivamente, e sendo assim, continua a dúvida se vai ser parto normal ou cesariana…Sempre preferi parto normal, já tive uma fase em que achei que seria melhor para eles que seja cesariana, mas custa-me imenso o meu marido não estar presente neste momento tão especial e tão nosso…Outra coisa diferente desta vez é que tenho noites em que me levanto de noite de propósito para fazer xixi, o que não acontecia da primeira vez! E os bebés mexem muito durante a noite, chegam a acordar-me, isto se eu estiver a dormir claro, porque com a barrigona que estou e o calor que tem estado não tem sido fácil!
Agora restam-nos 5 semanas até às 40, espero que eles aguentem pelo menos mais 2, e se não for pedir muito que se ponham a jeito para ser parto normal para eu e o papá os podermos ver, tocar e pegar logo no mesmo instante!!!
Tudo de bom para esta gravidez, que continue tudo a correr, é aproveitar porque eu já estou com saudades da minha barriga e ainda a tenho! Boa sorte para a adaptação do Gui à mana, só depende de nós tornar tudo mais fácil (penso eu!). Beijinhos!
2016-07-26 at 10:43
Obrigada por essa especial partilha 🙂 que família linda! Uma gravidez gemelar deve ser diferente, no início devemos passar por aqueles stresses e preocupações mas fico muito feliz de ver que não sou a única a viver esta segunda gestação com mais serenidade 🙂 é mesmo como disse, menos ansiedade e pressa, até porque sabemos que enquanto estão aqui no quentinho, é muiiiiito mais fácil ehehe!
Quanto ao parto, também tenho muito mais receio claro, sei ao que vou e sei o que quero para este parto, por isso, tento não ter demasiadas expectativas em relação a isso. Às vezes o melhor é deixarmos as coisas decorrerem normalmente 🙂 vai correr tudo bem. Quanto à cesariana, sabe que por lei o pai já pode estar sempre presente, é uma questão de exigirmos os nossos direitos! Tente falar nisso no hospital e ver a abertura para o assunto.
O melhor do mundo para vocês e só peço uma coisinha, quando a Matilde e o Martim nascerem, por favor dê notícias <3 (ah, também tenho uns priminhos de 3 anos gémeos com os mesmos nomes:))