A semana passada foi a semana mais caótica que vivi desde que sou mãe. Afirmo isso sem pensar duas vezes. Em 5 dias preparei e enviei 60 calendários do advento, tudo feito à mão, recortado, um por um, cada dia do calendário, cada cartão de atividade, cada Pinheiro de Natal ou boneco de neve. Criei uma caixa para o calendário, com todo o material necessário para a realização de 6 atividades, embalei cada acessório, tentei pensar em cada pormenor. Foi um enorme desafio, superei-me, e ainda hoje não sei bem como consegui. Aliás, sei. Tenho amigos de verdade. Daqueles que não falham nunca. Meto-me numa aventura e há quem esteja sempre lá a apoiar, a fazer parte de tudo, a envolver-se com o mesmo empenho e carinho. Ainda dizem que as mulheres são competitivas. Eu tenho mulheres, amigas, algumas mães e outras que ainda nem o são, que deram também um bocadinho de si esta semana para que o meu sonho se realizasse (vocês sabem quem são e eu sou-vos tão, mas tão grata).

Esta semana trouxe-me algumas certezas. A certeza de que tenho ao meu lado quem mais importa. A certeza de que afinal até sou capaz de terminar algo que decidi começar. A certeza de que me consigo reinventar enquanto mãe, vezes e vezes sem conta. A certeza de que este é o caminho que eu quero seguir. É incrível como a maternidade nos revela um lado que podemos nunca ter descoberto até ali. Se estivermos dispostas a ouvir os nossos filhos, se nos deixarmos levar, se observarmos melhor os sinais, acabamos por encontrar o nosso lugar no mundo, mesmo que para isso tenhamos que mudar todo o rumo da nossa vida. Quando há 2 anos atrás decidimos que eu ficaria em casa com a Laura, mesmo sabendo que era a melhor decisão e aquilo que eu mais queria, lá no fundo, achei que estava a matar uma parte minha, a deixar de seguir a minha vida profissional e os meus sonhos, a colocar de lado um caminho que talvez não voltasse mais. Hoje sei que tudo foi por uma razão maior, e que as respostas acabam por chegar.

Esta semana foi intensa, mas fez-me sentir bem, feliz, ainda mais realizada. Não fui inteiramente da Laura, mas consegui fazer tanto, sempre com ela ao meu lado. Fomos à música, ao Playgroup, desdobrei-me em mil para conseguir brincar, ocupar-me dela, manter algumas das rotinas deles e trabalhar noite dentro. Não foi fácil, foi imensamente desafiante, mas o balanço foi positivo, sem sombra de dúvidas.

Notei-os mais cansados, a Laura mais frustada e irritada, especialmente quando a semana chegou ao fim. Sei que foi a consequência da mudança de rotinas cá em casa, de horários e ritmos, e acabou por se refletir nas atitudes deles. Mas, no geral, a reação dela surpreendeu-me muito, e ajudou ter tido ajuda nas brincadeiras com ela, ter os amigos do Playgroup cá em casa, e tentar que ela se sentisse sempre feliz e amparada.

Não fui apenas dela, desta vez, existi para mim também, um bocadinho que seja. E isso é bom. Prova que os caminhos se vão traçando, que tudo tem o seu tempo, e que a vida nos vai encaminhando. Dei um grande passo, mas não fui apenas eu, a Laura também. Ainda vamos ter muitos meses juntas, ainda nos espera um ano intenso a duas, mas esta semana veio mostrar-me que também há mais no meu caminho, e que a Laura e o Gui são a razão para eu o ter descoberto.