És mãe, nunca estás sozinha. Tu não consegues ver, mas do outro lado da parede, na outra ponta da cidade, num país afastado, na escola do teu filho, na fila do supermercado, está outra mãe a sentir o mesmo que tu. Não és só tu que te sentes sozinha. Talvez nenhuma das mães com quem falas te façam sentir que és igual a tantas outras. Mas elas existem. Não consegues dormir, choras vezes a mais, gritas palavras que não fazem sentido, sentes que o mundo te castiga por algo que fizeste de muito horrível. Mas há outra mãe a sentir-se como tu. Talvez muitas mães. Fazes escolhas que não compreendem, ouves conselhos que não pediste, respondes demasiadas vezes com suspiros, porque as palavras já te cansam. Existem milhões de mães por esse mundo fora. Mães do coração. Mães de 10 filhos. Mães que viram o seu sonho terminar antes de se concretizar, a quem ninguém chama de mãe, mas que se sentem mães para sempre. Mães que pariram de formas que jamais conseguimos imaginar. Mães que viram as costas e mães que nunca arredam pé. Mães que têm tudo controlado e mães que vivem em caos permanente, perdidas. Mães cansadas, felizes, em estado de alerta, paranóicas, hipocondríacas, relaxadas, super protetoras, desleixadas, eufóricas. Mães que vivem num mundo de dúvidas onde nunca encontram o fim, mães cheias de certezas e mães que não sabem onde se encaixam. Do outro lado, está sempre uma mãe a passar pelo mesmo que tu. Quando estás sem dormir a meio da noite, estão muitas mães acordadas contigo. Quando passeias pela casa sem saber como cessar o choro do teu bebé, estão tantas mães de braços doridos ao teu lado. Quando as lágrimas te escorrem no rosto, depois de te achares a pior mãe, existem centenas de “piores mães do mundo” por aí. Pode demorar algum tempo, mas um dia, encontras outra mãe como tu e percebes que nunca estás sozinha. Ou talvez nunca encontres, mas fica com a certeza de que ela existe. Existem tantas mães com quase “a certeza absoluta que estão a fazer o melhor”, até mudarem de ideias.

És mãe. Nunca estás sozinha.