Foto Cátia Teodoro Fotografia

Às vezes, muitas vezes, ainda me surpreendo quando me vejo como mãe. Sinto como se eles fizessem parte da minha vida desde sempre. Mas também parece que ainda há uns dias eu estava sem saber que rumo escolher, com a sensação de ter tudo pela frente, com muitos caminhos em aberto, estava eu sem filhos, sem me conhecer a fundo, sem ter ninguém a precisar tanto de mim. Há 5 anos atrás eu ainda não sonhava que seria mãe, ainda não sabia o que significava ter alguém a depender de nós para tudo, alguém a quem queremos proteger com todas as nossas forças, alguém que amamos tanto que chega a doer. Vivo permanentemente nesta dualidade de sentir que sempre fui mãe, que eles já fazem parte de mim há uma eternidade, e a sensação de que tudo mudou em instantes. Como se muda tanto, tão rápido?

Quando me vejo com eles os dois, tão crescidos, no meu colo, é quase como se não acreditasse. Caramba, aquela sou eu, sou mãe, eles são meus, sou eu quem cuida deles, estamos os 4 sozinhos, longe de toda a família, as ajudas são reduzidas e, na maioria das semanas, dos dias, de tudo o que fazemos, somos só os 4. E é incrível tudo o que eu descobri que consigo fazer. Duvido tantas vezes de mim, daquilo que consigo e ainda me deixo surpreender quando alguém me diz que estou a fazer um bom trabalho, ou quando vejo a forma como os meus filhos me olham.

Quando há 4 anos e meio me colocaram o meu filho no colo, eu não podia sonhar que viria a ser esta mãe, com o colo cheio de duas crianças grandes, felizes, exigentes, que me completam e desafiam, e mais importante, que me tornaram mãe. Ainda ontem era só eu, uma (quase) criança, com preocupações que agora me fazem rir, e hoje sou esta mãe.

Caramba, sou mãe!