Uma mãe disse-me “nunca deixei o meu filho dormir ao colo desde que nasceu, sempre adormeceu sozinho, e sempre dormiu no seu próprio quarto!”

Não julguei, aviso já. E não julgo, porque cada um sabe o que faz. Mas senti mesmo muita pena. Claro que pela criança. Mas também tive muita pena da mãe.

Pena que nunca tenha saboreado ter um bebé acabado de nascer a adormecer no colo.

Que nunca tenha sentido o prazer de os ver ceder nos nossos braços, de os olhar consolados enquanto descansam no nosso peito.

Tenho pena que não conheçam o ar de felicidade que um bebé tem quando dorme no nosso colo.

Que não conheçam de cor o compasso da sua respiração.

Que não vejam as mãozinhas pousadas no peito e a boquinha aberta.

Que não sintam o calor na cama de uma conchinha perfeita.

Tenho pena que não conheçam a sensação de paz que transmite.

Tenho mesmo pena que esta mãe nunca venha a saber o que é dormir com um filho nos braços.

Que esta mãe nunca vá poder viver isso, que tenha desperdiçado a oportunidade que a vida lhe deu de aproveitar ao máximo o seu filho. Só temos uma oportunidade com cada um dos nossos filhos. Eles não dormem no nosso colo para sempre. Pelo contrário, passa rápido e, em breve, dormirão longe de nós para sempre.

Se já estive cansada de noite? Tantas vezes. Se já desesperei depois de várias noites seguidas sem dormir? Muito. Mas nunca me arrependi do colo. Nunca pensei que queria que eles adormecessem sozinhos. É uma benção que a vida me deu. Sou eternamente agradecida por isso, porque vou guardar para sempre as imagens deles a dormirem no meu colo. Vou recordar para sempre as mãos dadas, a partilha da cama, do colo, do amor. Nunca me vou cansar disto. Já tenho saudades de adormecer o meu filho mais velho no meu peito e não tenho pressa que ele me diga que quer adormecer sozinho.

Porque nunca queria desperdiçar esta oportunidade de viver tudo isto. De viver aquilo que nunca mais se irá repetir.

Por isso, quando ouvi aquelas palavras, tive pena que ela nunca venha a saber.