Uma grande parte do meu eu-mãe, devo-o aos meus pais. Bem sei que nem sempre é assim, que não basta um bom exemplo que queremos seguir, não bastam uns pais sempre presentes, não basta uma família feliz. Por vezes, nada disso existe e isso não nos define enquanto mães. 

Mas, no meu caso, define. Sou a mãe que sou. Sou a mãe dos filhos que tenho. Por isso, sou uma mãe única. Porque mais ninguém neste mundo viveu o que eu vivi. Mais ninguém neste mundo tem a minha vida, a minha bagagem emocional, as minhas experiências. Acima de tudo, mais ninguém conhece os meus filhos como eu. Mas há uma parte de mim, uma parte importante, que eu devo aos meus pais. Porque antes de ser mãe, eu fui e sou uma filha. Porque antes de ser mãe, eu vi ser mãe. E eu deixo que isso me guie, porque eu sei o que é sentir segurança, apoio incondicional. Porque eu sei o que significa perder noites preocupada como mãe, mas também sei o que é ver os meus pais fazê-lo enquanto filha. Porque eu sei o que é correr o mundo inteiro pelos meus filhos, mas também sei o que ver os meus pais correr dois mundos enquanto filha. Sei o que é dar a vida por eles, querer tudo para eles, lutar por eles, tentar tudo por tudo para os ajudar a crescer como seres confiantes e felizes, mas também sei o que é crescer assim enquanto filha. Sei o que é ter sempre um porto seguro onde regressar, sei o que é ter alguém que acredita em nós. Sei o que é ter alguém que se preocupa, mas que tem que deixar viver. Alguém que, tal como eu, nem sempre aceita que os filhos são do mundo. Porque eu sei que são, mas não sei abrir mão. Eu sei o que é o amor sem cobranças. O amor sem troca de culpas. Conheço o amor sem regras. O amor sem definições. Conheço o amor que se ajusta aos filhos, porque eu não sou igual à minha irmã, assim como os meus filhos são já tão diferentes. Porque eu cresci rodeada de um amor livre. E foi esse amor, por vezes possessivo e tão presente, que me transformou nesta mãe confiante e segura de mim própria. 

Porque eu sei. Eu sei que tudo pode falhar, eu sei que existirão dias menos bons, talvez existam dias em que meus filhos não me queiram ver. Talvez nem sempre me sinta a melhor mãe. Talvez passe por fases em que sinta que falhei, que estraguei tudo. Mas se eu for a mãe  (e pai) que vi ser, então tudo vai correr bem. Porque aconteça o que acontecer, os meus filhos saberão que eu estarei por perto. Estarei pronta a apoiar sem julgar. Estarei disponível para eles. Estarei aqui como mãe. 
Aos meus pais, que estão sempre ali. E porque mesmo sendo mãe, sou sempre filha. A filha que liga para eles no primeiro instante. A filha que nem sempre é a mais justa, mas que sabe, sabe o que é o amor incondicional. E não é a condição para ser uma melhor mãe, mas é uma enorme ajuda. ❤️