Antes de ser mãe pela segunda vez, achava que jamais seria capaz de amamentar tanto tempo. 12 meses. 365 dias. Multiplicados por um número de vezes difícil de contabilizar. Ainda hoje, com 1 ano e 4 dias, mamou mais vezes do que as que consegui memorizar.

Perguntam-me muitas vezes porquê. Porque é que ainda amamento. Porque é que faço questão de ser sempre eu. Porque é que não lhe dou um biberão às vezes, ou não substituo por comida.

A Laura é cada dia maior, enche-me o colo. Já me levanta a camisola. Já diz “dá” quando quer mamar. Já faz um sorriso enorme quando me vê pronta. E as pessoas perguntam se eu vou amamentar até ela falar e pedir mama em qualquer lado.

Já me habituei a andar sempre sem soutien em casa, na rua, são muitas as vezes que dou conta dele desapertado, depois de já ter estado assim na creche ou a tomar café. Já não me incomoda que me vejam sempre a amamentar. Qualquer pessoa que passe 30 minutos comigo, vai certamente assistir a esse momento vezes sem conta.

A Laura fez um ano. Teve um festa. E mamou. Várias vezes. As pessoas perguntam se ela não é já crescida para mamar. As pessoas dizem-me que ela já pode comer de tudo, que posso substituir algumas vezes por comida. Eu queixo-me que não durmo e sugerem-me sempre intercalar com um biberão para poder descansar.

As pessoas ficam admiradas por eu dizer que nunca a deixei e que ainda não sei quando isso irá acontecer. Acham estranho eu nunca ter tirado leite e ela não saber o que é beber leite sem ser a mamar. Perguntam-me porque é que eu a deixo comer de tudo e pela mão dela, mas ainda amamento.

Já me começam a dizer isto, que ela já não precisa tanto. Que posso ir cortando. Que qualquer dia é demais.

Começa a fase em que já é menos frequente os bebés mamarem, porque infelizmente os números vão descendo, enquanto aumentam os meses do bebé.

Eu nunca questiono as escolhas das mães. Aprendi a fazê-lo.Tudo pode ser correcto, porque cada família é uma família. Há quem faça outras escolhas. Há quem ofereça biberão até porque indo para a creche não há, muitas vezes, outra forma, há quem determine uma data para o desmame, há quem prefira ir reduzindo o número de mamadas suavemente para ser melhor para todos. E quem sou eu para questionar isso?

365 dias. Até quando?

Até eu e ela querermos.