Correndo o risco de bater bem no fundo do lago dos clichés, todos os anos são melhores ao lado do Guilherme. É certo que sem ele não teríamos tido metade das preocupações e momentos menos bons deste ano, mas sabemos que tudo vai dar certo naquele momento em que nos deitamos no final do dia, exaustos, olhamos para o lado e está ali o ser mais maravilhoso do planeta a respirar calmamente (mesmo quando ressona), com aquele ar inocente e indefeso que nos faz querer ficar de vigília a noite inteira. É nesses momentos em que me deito ao lado dele, em que tenho aquele cheirinho da pele dele tão perto de mim e lhe dou a mão para adormecer que eu sei que tudo está bem, do fundo do meu coração. Mesmo nos piores dias, nos dias em que reclamei, em que chorei ou me desiludi, é ali, na nossa cama a três, que tudo passa e onde ganho forças para um novo dia. Durante 2015, o Gui dormiu mal, muito, passámos muitas horas acordados ao longo da noite e passámos uma fase negra de cansaço e dúvidas. Por vezes perguntavam-me como eu aguentava, como conseguia vir trabalhar ou estar em pé, e eu pensava na resposta mas era tão simples, a verdade é que por pior que fosse a noite, por muito que até tivesse chorado de desespero, quando acordava de manhã e o via, tudo passava. Naquela altura achei que tudo isto nos iria afastar aos três, que todo o cansaço nos iria desgastar, mas não. Essa fase aproximou-nos mais do que nunca e fez-nos ser a família que hoje somos. Fez-nos ver que estamos no caminho certo, que tudo passa, que fases são isso mesmo, fases! Tudo vale a pena, cada noite, cada segundo. Tudo passa a uma velocidade assustadora, e o que hoje nos custa a viver, o que hoje nos queixamos, vai reverter-se tudo em saudades um dia. Eu penso nisto todos os dias quando acordo. Vou ter saudades do dia que vou viver.

Foi este o lema do ano todo. Viver intensamente. Começámos o ano os três juntos e nesse dia chorei muito. O Gui ficou doente, cada dia mais. O sorriso dele enganou-nos diversas vezes e ainda hoje olho para as fotos, vejo o olhar dele, e dói-me tanto. Ver o nosso filho ficar doente é como desligarem-nos o coração. Depois de muitas idas à urgência, muito muito colo, muitas horas numa cadeira com a cabeça dele no meu peito, o Gui foi internado. Pelo meio aprendeu a esconder-se e a fazer “tetés” e deu-nos a primeira amostra da sua personalidade divertida, com um humor pouco comum para a idade dele. No fim dos dias de internamento, vivemos dias imensamente felizes, dias aliviados, são as coisas más que nos fazem ver com outros olhos o que temos de melhor. Vesti o Gui de sapo Cocas e de Batman. Passeámos muito em dias chuvosos, o Gui foi pela primeira vez à piscina e adorou. Começou a comer tudo pela própria mão sem medos e parecia-nos cada dia mais feliz. Dormiu mal muito tempo. Passou noites em claro. Cortou o cabelo pela primeira vez pela mão da avó Isabel e deu comida a pombos muitas vezes nesse mês. Passou a chamar “tá” aos patos. Dançou ao som do João bebé e festejámos o primeiro dia do Pai. Fomos ao teatro e comemos panquecas nas manhãs de sábado. Preparámos a festa de aniversário mais especial das nossas vidas. Enchemos tantos balões ao longo de um mês que o Gui passou a adorar balões. Cantámos os parabéns muitas e muitas vezes e o sorriso dele valia cada uma dessas vezes. Foi à festa dele e parecia perceber que estávamos todos ali porque o amamos muito e porque era um dia especial. 1 ano dele, um ano como pais. Mudámos de casa e dormimos num colchão no chão os 3 durante algum tempo. Gatinhou pela primeira vez em cima de areia e adorou a sensação. Quis começar a andar sempre em pé de mãos dadas connosco e passámos a usar só a manduca como meio de transporte. Fomos de mini férias com os avós. Fomos muito à piscina e a à praia e o Gui aprendeu a dizer “agué” e “nadaie”. Visitámos o oceanário. O Gui começou a andar um dia no parque, sem aviso prévio. Andámos muito de baloiço e demos pão a patos. O Gui passou a comer com a colher. Fizemos férias na casa dos avós e fomos felizes como nunca, sem horários, sem regras, só aproveitar cada dia. Fomos novamente à praia os três. O Gui nadou muito e decretou a Minnie como a sua personagem animada preferida. Caminhou pela primeira vez na areia e riu-se muito alto. Aprendeu a saltar para a cama, a correr, a enterrar-se na areia e a destruir castelos. Andámos de teleférico. Provou gelado a sério pela primeira vez e não gostou. Foi falando cada dia mais e começaram a  dizer que sai à mãe porque não se cala. Tirámos muitas selfies e tomámos muitos banhos de espuma juntos. Apanhámos o susto das nossas vidas e ficámos quase 40 dias num sufoco inqualificável que nos fez ver o pior lado de tudo e o quanto o Gui é o que de mais valioso temos nas nossas vidas. Tivemos a nossa família e  amigos mais perto do que nunca. O Gui usou um cachecol e gorro e cantámos os parabéns nos 18 meses com um bolo caseiro cheio de pintarolas da sorte. Recebemos a melhor notícia do mundo e pudemos respirar de alívio. Fomos festejar, fomos à piscina, passeámos muito, passámos um fim-de-semana romântico a três (os nossos preferidos). Levámos o Gui à Serra da Estrela mas não tinha neve. Enfeitámos a árvore de Natal com a ajuda do Gui e eu chorei com todas as músicas de Natal que ouvi este ano. Passámos um Natal feliz, a agradecer que tudo tenha terminado tão bem e com os olhos postos no presente e menos no futuro.

Obrigada Gui, por 2015 ser um ano tão rico. Obrigada por me fazeres ter vontade de começar 2016 e viver tudo o que este ano nos reserva. Espero que continues a ser livre, feliz, determinado e que saibas sempre que vais ter o teu lugar no colo da mãe, por muitos anos que passem.