Podia ser quase um título de um filme, tal é o drama cá em casa. Eu sei, eu sei, o que não faltam por aí são mães que estão com dois, três e mais miúdos em casa, não imaginam o quanto eu admiro essas mães, para mim, são mesmo super-heróis com super-poderes! Eu acho que é um enorme desafio estar tantas horas com os dois sozinha. Claro que se eles estivessem habitados desde sempre, seria muito mais fácil. Mas assim, a coisa complica. O Gui tem que estar sempre ocupado, adora fazer coisas, é por isso que ele adora ir para a creche, porque ele gosta de actividades, de brincar, de ter pessoas à volta dele, gosta de ter rotinas e horários. A Laura é uma bebé que está sempre comigo, não tem horários, dorme e come quando quer e ter aqui sempre o mano está a ser a loucura, ela fica histérica.
Sinto que, pouco a pouco, estamos a conseguir encontrar a nossa rotina e os nossos novos hábitos, está a ser uma descoberta para os três. Sabe-me tão bem ter sempre os dois por perto, saber onde estão, tudo o que fazem, ver que eles interagem cada dia mais e que se estão a tornar muito mais próximos com esta experiência.
Mas…
Estou tão cansada, admito. Isto porque meto sempre na cabeça que tenho que ser uma mãe espectacular que os leva todos os dias a fazer coisas diferentes! Fomos à praia e entre levar toda a tralha comigo (e era so uma mochila), levar a Laura no pano, o Gui por uma mão, o balde que ele ia carregar mas já mudou de ideias. É o chinelo que se descalça do pé e é todo um drama. É a fome. A areia. A água que ele quer que eu vá buscar ao mar. É a Laura que quer mamar e o Gui que quer correr. Mãe, mãe, mãe, oiço vezes sem conta. O Gui fica feliz, mas irritado, porque quer mais atenção, gosta de andar a jogar à bola e a construir castelos e assim só pode estar sentado ao meu lado a brincar com areia. Fomos ao parque andar de bicicleta e a Laura quase não existe, fica ali no pano só a ver o irmão correr por todo o lado e eu a correr atrás dele e às tantas já ouço um "coitada daquela mãe". Acabo a carregar a Laura e a bicicleta e tenho um
Gui que arrasta os pés enquanto me pede também ele colo. Decido ir fazer passeios maiores que envolvem estar o dia todo fora, almoçar na rua em modo marmita com os dois, ir ao wc passa a ser todo um desafio incrível para mim. É bom, muito bom mesmo vê-los felizes, eu sinto-bem melhor quando sei que fizemos algo bom durante o dia, brincar com tintas, jogar às escondidas pela casa, comer um lanche os 3 que ele ajudou a cozinhar… tento, por tudo, evitar o sofá e a televisão, porque quero guardar isso só para quando não dá mesmo, quando tenho algo inadiável para fazer. Porque, afinal, são as férias dele, e eu quero que ele aproveite ao máximo.
Assim sendo, estou eu esgotada, física e psicologicamente. Se vale a pena? Eu continuo a achar que sim, que há algo por trás deste cansaço que me faz sorrir. As minhas pernas doem, as costas também, tenho sono, preciso de tempo para mim, mas o coração está feliz, esse não dói, nunca dói quando estou com eles.
2017-08-07 at 21:31
Eu sinto-me cansada só com uma, imagino com dois.
Permita-se um ou dois dias de mais relaxe, programas menos longos. Se nós “pifarmos” aí sim eles sofrem!
A Andreia é mãe, mas também é mulher, humana!
2017-08-07 at 22:29
Você é uma inspiração para mim! Também tenho os meus 2 filhos comigo, e estou a dar em doida porque o meu marido, que podia ir de bicicleta, leva o meu carro para o trabalho, e eu tenho de ficar aqui confinada com eles… Faço o meu melhor, mas entre estar com eles, tratar das encomendas (sou empreendedora – Mil & Mig) e fazer refeições e tratar da casa (ainda por cima estou doente da garganta), vou deixando tarefas de casa para trás, e isso me deixa muito triste e esgotada. Também acho que deveria brincar mais com eles e tenho-o feito muito pouco… Sinto-me assobervada e inútil… Eu dava tudo para ser super mãe e super mulher, mas não consigo… Vou andando, um dia de cada vez!…
2017-08-07 at 23:14
Ao ler este texto identifiquei-me… como é tão saboroso e gratificante e ao mesmo tempo cansativo e desgastante ser mãe! Tem dias que olho para cada um dos meus filhos e penso o quão surtuda sou por os ter, e é assim que me sinto a maioria das vezes, uma galinha inchada ao ver os seus pintinhos… mas tem alturas tão difíceis!!!! Nessas alturas o meu EU dúvida, se culpa, se martiriza por me sentir tão cansada, tão sem forças para continuar… sou mãe de 5 crianças incríveis. A mais velha com 8 anos e a mais nova com 17 meses… tem sido 8 anos de adaptações constantes… renovações de rotinas, de hábitos… 8 anos de esquecimento de mim como pessoa em prol de quem precisa de mim… tem sido uma jornada muito severa e intensa com coisas muito boas e outras menos boas. Mas todas elas definem a pessoa que sou!