Amamento em livre demanda, que para quem não conhece o termo, significa amamentar sempre que a Laura pede, quer tenham passado 15min ou 1h, sem relógios, tempos ou limitações. 

Mas sou também mãe da Laura em livre demanda. Não há nada no mundo que pague esta sorte que estou a ter, poder viver isto, poder ser mãe assim, sem pressas, sem regras, sem medos. Infelizmente, nunca poderia ter sido esta mãe para o Gui, porque eu não sabia. Não sabia que podia ser tão libertador, tão simples. Não sabia que não existem regras. Que não preciso saber quando mamou a última vez, que não preciso saber quantas horas dorme. Que não preciso preocupar-me se passou o dia inteiro ao colo. Que não preciso irritar-me porque nunca está 5min sem mim. Que não preciso ficar preocupada porque não se aguenta sozinha nem naqueles tapetes maravilhosos cheios de bonecos. Que não preciso pesá-la todas as semanas. Que não tenho que tentar que durma no berço dela. Que posso ficar horas no sofá a ver séries enquanto ela mama e dorme, se for essa a vontade dela. Que não tenho que apressar o que ela tem que aprender. Que ela não precisa que lhe compre 300 mil coisas. Que não preciso estar a contar tudo a um pediatra e falar sobre sono ou sobre quantas vezes ela mama. 

Sim, é cansativo também. Sim, tem desvantagens sermos mães em livre demanda. Significa que nunca podes estar longe. Que vais ser perseguida por pessoas que te dirão que o teu filho é demasiado apegado a ti. Que ele vai chorar se te vê sair. Que não vai querer ficar com mais ninguém. Que vão existir dias em que ele vai querer mamar tanto que vais estar farta. Que vais precisar de espaço, nem que seja um banho mais demorado ou uma ida ao café por baixo de casa para comprar pão. 

Estou muito agradecida por poder ter esta experiência com a Laura. Ser esta mae que não tem dia para ir trabalhar. Que não tem grandes horários a cumprir. Que ainda sente medos claro, mas que muitos deles já não existem, não há receio de habituar mal, não há limite para colo, para mimo, para mama. Porque tudo passa. A Laura já tem 4 meses. 4 meses que começaram com ela no meu peito durante 3horas seguidas e que duram até hoje sem que a tenha longe mais de meia hora. Estamos sempre juntas. Por vezes é desgastante. Por vezes sinto-me presa. Mas é também libertador, é só ser mãe, sem mil “mas” e “porquês”. 

Não é fácil. Não o poderia fazer sozinha, sem apoio. Mas a recompensa é grande. Não fui menos mãe do Gui por ir trabalhar depois de 5 meses. Segui o que fazia sentido para mim naquela altura e é isso que devemos fazer sempre. Porque ser mãe levanta sempre mil questões, porque nem sempre podemos seguir o mesmo caminho, e porque eles não são nada exigentes e tudo o que eles precisam é da mãe.