Não conto quantas vezes te beijo as bochechas, a barriga e os pés. Não sei quantas vezes te abraço, te aperto em mim com força. Nunca olho para o relógio do quarto quando te lanço no ar e te ris alto. Cheiro a tua pele vezes sem conta, mas não saberia dizer quantas. São tantas. Olho fundo nos teus olhos sempre que me apetece, sempre que me surpreende seres tão bonita. Passamos o dia juntas, não temos horas para acordar, nem para dormir. Não sei a que horas fazes sestas, mas sei sempre que tens sono, e sei como te ajudar a adormecer. Não temos hora para almoçar. Não sei quantas vezes te digo que te amo a ti e ao teu mano. Nunca contei os minutos que passam entre colocar-te no chão e voltar a pegar-te. 

Os dias passam, a um ritmo só nosso, uns mais apressados que outros, uns mais fáceis que outros. Às vezes tenho pressa, outros dias são calmos. 

Não sei contar as vezes que te amo, não sei as horas para te amar. Por isso, porque haveria de saber quantas vezes te amamento? Porque haveria de me preocupar com o tempo que passou? Não faço ideia, nunca quis saber. Não sei quantas vezes porque são todas as que ambas queremos, às vezes mais tu, às vezes mais eu. Ambas precisamos disto, tanto. Amamentar-te é como dar um beijo na tua cara, na tua perna gorducha. Amamentar-te é como abraçar-te sem fim, é como dar-te colo, mimo, atenção, conforto. Amamentar-te são cócegas nos pés, beijinhos na barriga e mordidelas no pescoço. Amamentar-te é ter os teus olhos nos meus e sentir que consegues ver o meu coração. É quase assustador este amor. 

O amor não se mede, não se contabiliza, não se divide pelas horas. E eu não te amamento apenas. Porque isto que fazemos chama-se amor.