Por seres a segunda, eu já sabia. Sabia que o tempo passa rápido. Sabia que aquele momento em que te colocam em cima do meu peito, quentinha, com aquele cheiro único, fica cravado para sempre em nós. Prometi aproveitar-te ao máximo, disse-te essas palavras ainda estavas tu dentro de mim, e sussurrei-as ao teu ouvido assim que te vi. Prometi que ias ser amada. Prometi que te ia respeitar. Prometi que ia estar sempre aqui para ti. Prometi que ia viver cada segundo teu, sem pressas. E aproveitei, Laura. Não desperdicei quase tempo nenhum. Vivi intensamente os primeiros dias da tua vida, como só num segundo filho poderia fazer. Namorei o teu cheiro. Decorei-te os traços. Sem pressas. Tive pena de te dar o primeiro banho, com medo que aquele cheiro tão nosso se perdesse. Mas não perdeu. Permanece em mim. Carreguei-te ao colo, talvez te possas, para sempre, recordar que te jurei que o meu colo seria o teu abrigo. E tem sido. Nestes quase 12 meses de ti. Dei-te 3 meses para te ambientares ao mundo. O mundo que espero que seja doce para ti, tal como tu tens sido para ele. Permaneceste numa extero-gestação só nossa e será para sempre o nosso momento. Mesmo assim, sinto que o tempo passa rápido demais. Não podia viver-te mais, cheirar-te mais, observar-te mais. E ainda assim, de repente, é como se saísses de um casulo, tal como uma borboleta. És a minha bebé. Mas já me sais do colo. Já deste passos sozinha. E eu sinto que não estou preparada. Que desta vez me custa mais ver-te crescer e voar. Não tenho pressa. Nada mesmo. Não me importava de recuar no tempo. Obrigada, filha. Foi um ano tão importante para mim. Vivi contigo aquilo com que sempre sonhei, mesmo antes de o saber. Alguns dias foram duros, mas eu expliquei-te no final do dia, pedi-te desculpa ao ouvido enquanto adormecias no meu peito. Estamos a fazer esta caminhada juntas. Tu e eu. O teu mundo ainda sou apenas eu. E tu serás para sempre o meu. Eu sei que irás mostrar-me sempre que passos dar, e eu, tal como prometi, vou ouvir-te e respeitar o teu tempo.