Conhecem aquela expressão “treinadores de bancada”? Por esta altura do mundial, costumam surgir às centenas por aí! Esses irritam, mas há um fenómeno que me irrita ainda mais:

Pais de bancada!

São aqueles pais que estão sempre a educar os filhos dos outros. Sempre! Pode ser entre amigos, ou num almoço de família, quando surgem aquelas dicas a la pai de bancada. Falam diretamente para os filhos dos outros, do tipo “não saias da mesa que isso não se faz”, ou mandam bocas indirectas, do género “os teus pais não te ensinaram que isso é feio?”. Estão sempre lá. Não perdem uma. Já estamos nós a encher o peito de ar para falar com o nosso filho, mas a mãe (ou pai) de bancada antecipa-se sempre, não falha!

E o mais incrível é quando este fenómeno se estende aos pais que nunca vimos na nossa vidinha. Não nos conhecem, não fazemos a mínima ideia quem são, mas eles não estão para brincar. Eles vão ao parque com uma missão: educar os filhos dos outros! E lá estão eles, sempre colados ao escorrega a dar ordens “não passas à frente que é feio”, “isso não se faz, não atires isso para o chão”, “não devias andar de chupeta aqui”, “os meninos grandes não fazem isso”, “a mamã não te deu um chapéu?”… e por aí fora. E os filhos desses pais de bancada são, normalmente, os mais santos, e os mais “pequeninos”. “Cuidado que ele é pequenino”, mesmo quando depois, muitas vezes, chegamos à humilhante conclusão que são da mesma idade, ou quem sabe até mais velhos.

Reparem, eu às vezes também me dá vontadinha de educar, mas normalmente é uns quantos pais. Também já me apeteceu interferir quando vejo alguns disparates! Agora, a não ser que estejam a bater nos meus filhos, ou a ter alguma atitude mesmo mesmo incorrecta, e mesmo assim só falo se os pais não querem dizer nada (esse é também um fenómeno), eu remeto-me ao silêncio e limito-me a educar os meus filhos (e isso já me dá bastante que fazer).

Não custa nada estarem calados, pais de bancada há tantos e todos sabemos o quanto é fácil educar os filhos dos outros, ah se é! Mas depois, quando estamos a jogar no campo, quando a coisa é séria e já não estamos na bancada, aí é que são elas. Vamos lá olhar mais para os nossos e deixar os palpites ficarem onde eles devem sempre ficar, na nossa cabecinha! Deixem os filhos dos outros, para que os pais deles os eduquem e preocupem-se com os vossos, já estarão a fazer um bom trabalho!