(Texto escrito no dia em que lancei a Okapi)

Se um dia me dissessem, talvez eu me risse. Assim, sem hesitar. Às vezes rimos do futuro, ainda antes de sabermos que ele um dia se torna presente. Ainda antes de ser mãe, sabia que um dia iria repetir aos meus filhos que eles podiam ser quem eles quisessem. Talvez porque sempre ouvi isso, talvez porque sempre achei as palavras bonitas. Mas agora, agora eu digo-as com força, todos os dias. Podemos ser tudo e não basta querer, não basta lutar, não é preciso dar tudo. O que é necessário é ouvirmos muito o coração, deixarmos a vida fazer parte do seu papel. Aceitarmos que às vezes é necessário recuar, dar uns bons passos atrás, até perdermos o chão, acharmos que não somos nada. É nesses instantes que podemos ver mais caminhos, quando fazemos o que nos dá mais prazer.

Ter filhos muda-nos. Ninguém pode discordar disto. Mas ter filhos pode levar-nos a descobrir tanto sobre nós próprios. Nestes últimos 4 anos e meio fui fazendo um caminho, cheguei a um lugar onde, de repente, senti que pertencia, fui só mãe. Um “só” que implica tudo, sermos tudo ao mesmo tempo, todos os dias. E foi quando fiz tudo por eles, foi enquanto vivia só para eles, que me redescobri. Achava eu que lhes estava a dar tudo, e eles estavam a dar-me tão mais a mim.

No dia em que lancei a marca com a qual sonhei meses a fio, agradeci aos meus filhos, porque foram eles os responsáveis por este caminho. Sempre achei que não seria capaz, não havia nada que me definisse, muito menos algo feito pelas minhas mãos. Mas afinal há, tanto.

Sei lá eu o que me reserva o futuro, até onde este projeto me leva. Mas agora eu não tenho medo, porque eu sei que posso ser quem eu quiser, o futuro pode ser feito de sonhos, porque eles às vezes realizam-se. Não tenho receio que corra mal, porque o prazer enorme que me deu já ninguém me tira, assim como a certeza que os filhos nos mudam, nos dão tudo!

Gui, Laura, vocês podem ser quem vocês quiserem.