Na mesma semana, fiquei a saber de um caso de bullying entre crianças de 4 anos, leram bem, QUATRO ANOS, depois ontem assisti a uma cena em que uma criança com cerca de 2 anos pisou um bebé no parque do shopping, a miúda queria passar no túnel e passou por cima do bebé, sem qualquer intenção de magoar (ainda por cima o parque é para crianças maiores de 3) e o pai do bebé disse “pára de pisar, porra!” a altos berros, e por fim uma situação de bullying, também da parte parte de supostos adultos, contra um miúdo de 15 anos, um adolescente como todos nós já fomos.

É caso mesmo para perguntar de quem é a culpa? Neste artigo, podemos ler atrocidades como “devias apanhar mais”, “faltou-te porrada” “miúdo mimado”, entre várias outras ofensas directas.

Choca-me sempre a violência que se gera nas redes sociais. A facilidade incrível com que se escrevem ameaças, insultos graves, com que se destila ódio, verdadeiro ódio! Basta lermos comentários numa qualquer página do Facebook de um jornal, para vermos exemplos disto.

Eu sinto muita vergonha alheia. Adultos que ao lerem um artigo escrito por alguém de 15 anos, não se coíbem de escrever insultos, de gozar e humilhar. Eu pergunto, isto é normal? É este o exemplo que pais destes dão aos seus filhos? Não nos importamos de ofender um adolescente, ainda por cima em público, sem qualquer vergonha? Gostaríamos de ver alguém fazer isso com o nosso próprio filho?

Depois temos crianças que com 4 anos que já sabem humilhar e colocar de parte os outros, mais uma vez, de quem é a culpa? Quantas vezes os nossos filhos nos vêem fazer comentários ofensivos aos outros? Falamos muito de exemplo, mas onde fica ele nestes momentos?

E podem dizer o que quiserem sobre o artigo! Podemos não concordar com o que foi lá escrito, mas isso dá o direito de ofender? Alguém alguma vez pensou que do outro lado do computador estão pessoas de verdade? Que se magoam e sofrem com o que lêem?

Tenho andado a ver a série 13 Reasons Why no Netflix e confesso que este é um dos temas que mais me assusta na maternidade. O bullying que tantas vezes começa nos adultos, nos pais. Ficamos ofendidos quando é contra os nossos filhos, mas falta pensarmos mais no que dizemos aos outros, especialmente nas redes sociais, que nos trouxeram uma espécie de proteção para podermos dizer tudo.

Tenho vergonha. E isto faz-me sempre pensar se vale a pena continuar por aqui, a escrever e a partilhar com os outros, à distância de ofensas gratuitas de quem acha que as palavras não atingem.