A minha infância é indissociável da minha avó materna. Parte de quem sou hoje foi construído junto dela. O amor dos avós é um amor livre, carregado de maturidade e experiência, é um amor de histórias para contar, de escapadelas às boas maneiras, é um amor solto, sem medos, sem o peso da palavra educar. Talvez por já saberem o que é amar incondicionalmente, os avós sabem amar os netos assim que os olham pela primeira vez. Sabem amar de verdade, sem tantos receios ou ansiedade. Ser avó e avô é ser mãe ou pai a dobrar. É reviver tudo novamente, como uma segunda oportunidade que a vida dá para abraçar sem limites, para brincar no chão e correr no parque, para redescobrir brincadeiras que muitas vezes enquanto pais o tempo não nos permitiu. É ter algo de poderoso como a paciência e algumas rugas que trazem consigo o olhar que os pais ainda não alcançaram. Ser avó e avô é dar as mãos livremente, é ser cúmplice, é troca de olhares, é compreensão, é chocolate proibido, é ternura e paciência infinitas. Da boca da avó e do avô ouvimos o "foi sem querer", "deixa-o estar", "já chega". O colo dos avós é refúgio, é segurança. Os avós ensinam segredos que os pais não conhecem. São companheiros. Cheiram a saudade permanente.

Quem tem a sorte de conhecer e viver parte da sua vida com os avós, carrega um amor diferente que dura a vida inteira. Hoje não falamos dos avós que "estragam", dos avós que deram um bolo às escondidas, dos avós que contrariam os pais. Hoje falamos do amor de avós, um amor diferente, um amor sábio.