As pessoas que nos conhecem e que apenas vão vendo a Laura de tempos a tempos, comentam sempre que ela é uma bebé pacata, que não chora, que não dá trabalho. 

Mas a verdade não é essa. A Laura é assim, porque está sempre ao colo. Porque está sempre comigo. Porque está sempre a mamar. Porque nunca tem momentos de stress. Porque não vai quase a outros colos. Porque dorme quando quer. Porque come quando e o que quer. Ou seja, a vidinha dela não podia ser melhor! 

Mas e quando assim não é? 

Hoje, estou cansada. Admito. O choro dela deixa-me de rastos. Nem é bem choro, é uma “ladainha” constante sempre que não a tenho no meu colo. Hoje, estou cansada. Hoje, apeteceu-me gritar-lhe que parasse de chorar, afinal, eu estava ali ao lado! Ela não estava sozinha. Nunca está. Foram dias mais intensos para ela, com o pai e o irmão sempre em casa, com mais passeios e mais gente. Talvez seja isso. Talvez sejam os malditos dentes. Talvez seja eu. Mas ela hoje estava irreconhecível. Hoje, tive vontade de tapar os ouvidos. De fingir que não ouço. Tive vontade de fugir por umas horas. Não dormi de noite. Durmo pouco, todas as noites, esta especialmente. São dias intensos, de sorrisos, de gelados pela manhã, de corridas, praia, jantares tardios. São dias bons. E do nada, essses dias bons cansam, e não queremos admitir porque não faz sentido. Queremos estar apenas felizes (e estamos). Mas estamos também exaustas, são tantos gritos e pedidos e exigências e birras e regras. 

Agora que dormem os dois, a casa vai sossegar e eu, pouco a pouco, vou voltar a respirar fundo. Tenho que o fazer. Amanhã o dia recomeça e eles precisam da mãe.