Sabemos bem o que significa privação do sono, e conhecemos de perto os efeitos disso nas nossas vidas. Durante 2 anos, não dormimos 2 horas seguidas e o sono foi interrompido mais de 6 vezes por noite. Para quem não sabe, ter o sono constantemente interrompido e acordar várias vezes durante a noite tem mais consequências do que dormir menos horas. Aceitámos que o nosso filho era assim, depois de termos feito inúmeras tentativas de alterar as rotinas, o número de biberões, as actividades durante o dia, só nunca o deixámos sozinho e isso nunca estará nos planos. Com 2 anos passou a querer dormir na cama dele no chão e as noites passaram a ser melhores, com apenas alguns despertares. Hoje, dorme algumas noites seguidas, mas ainda tem noites em que acorda e mesmo que não acorde, temos pelo menos que o levar a fazer xixi.

A Laura nasceu e eu tentei desvalorizar as noites, sabíamos que os bebés não dormem uma noite completa e não ter quaisquer expectativas ajuda imenso. Amamentar, ao contrário da ideia errada que muita gente tem, também facilita muito as noites. É como ter sempre à mão algo que os adormece, mesmo que leve mais tempo, é não ter que me levantar para preparar biberões a meio da noite, é nunca a ouvir chorar, mesmo que desperte. A amamentação tem sido uma enorme ajuda nas nossas noites, especialmente nos primeiros meses em que eu adormecia serenamente e ela ficava ao meu lado a dormir também de forma tranquila. Mas as coisas mudaram, como a Laura é mais crescida, eu já não adormeço com ela a mamar, não consigo. E, por incrível que pareça, as noites dela têm vindo sempre a piorar. Não, a culpa não é da mama, e eu sei disto porque tenho dois filhos e um deles só amamentei até aos 6 meses e dormiu sempre pessimamente. A culpa pode ser dos 4 molares que tem a nascer e que lhe deixam as gengivas em sangue, pode ser da maldita constipação que mal a deixa respirar, pode ser das 3 vacinas que levou ontem nos braços e que a deixaram negra e febril, pode ser de estar a adquirir novas capacidades como caminhar sozinha, pode ser porque ela é assim e só vai mudar na altura certa. Não a culpo. Não nos culpo. Não invento desculpas e razões que só nos massacram mais. Mas a verdade é que tem sido muito duro. Esta noite não me lembro de dormir 1 hora seguida, se não era ela, era o Gui a entrar pelo nosso quarto, trocámos todos de cama várias vezes, foi a Laura que dormiu no meio de nós, foi o Gui, foi o pai na cama do Gui com ele, foi a Laura comigo, fomos os 4 ao mesmo tempo… foi uma daquelas noites que nos parecem intermináveis, que todos os minutos se fazem sentir, noites em que chegamos ao ponto de já nem sentir sono, tal é o cansaço extremo.

E é no meio de noites destas, noites que nos levam ao desespero, que me apetece chorar, que me apetece perguntar como há bebés que dormem tão bem. É nessas noites que questiono se afinal podemos estar a fazer algo errado. É nestas noites sem fim que me pergunto como vamos superar isto, e até quando aguentamos este ritmo. E o pior não são apenas as noites, o pior é acordar de manhã sem ter dormido, o pior são os dias longos sem paciência, com dor de cabeça, os dias que passamos rabugentos. Tudo passa bla bla bla, vamos ter saudades bla bla bla, são fases bla bla bla… eu sei tudo isso, e amanhã, ou daqui a uns meses, eu já nem me vou lembrar deste pesadelo…mas hoje só queria dormir e, hoje, não preciso de consolos que não me tiram este cansaço.