Se és mãe, este texto é para ti.

Vão existir dias maus, ninguém te vai dizer isto assim directamente. Poucos conselhos serão úteis nestes momentos, a verdade é que vais passar por situações em que és a pior mãe do mundo, pelo menos para ti. Os conselhos chegam de todos os lados, mas vindos de mães perfeitas. São palavras por vezes acertadas, mas que nos fazem sentir ainda pior. Habitua-te aos palpites, farão parte do teu dia-a-dia. Os livros ajudam, as palavras do teu pediatra preferido ou daquela terapeuta espectacular fazem-te bem, soam-te bem e guiam-te muitas vezes, mas vão existir dias em que falhas por completo. Recorres a amigos, a grupos de mães que parecem sentir o mesmo, mas ninguém lá te dirá a verdade por completo. Todas sentem medo. Todas sabem o que é ter o dedo apontado na sua direcção. À menor falha da tua parte, terás alguém a dizer que nunca o fez, que isso é errado. Ao menor erro, irás ler textos de mães ideais, talvez em blogues como este em que escrevo, em que só o mais bonito está descrito. Os dias de uma mãe não são sempre fáceis, não são todos dias de sol num parque infantil. Nem sempre vais ler uma história antes de dormir ou fazer vozes de personagens e cantar músicas infantis para lhe mudar a fralda sem uma lágrima. Não dormir é duro, não tomar um banho sossegada é difícil, amamentar de hora a hora pode ser doloroso, vais sentir-te farta, vais pensar porque te meteste nesta alhada e depois sentes-te mal, culpada por pensar aquilo que nenhuma mãe normal pensaria. Nem todos os dias vais ser capaz de rir quando ele atira a sopa toda ao chão acabado de lavar. Há dias em que gritas com ele, quando sabes que ele não é culpado de nada. Tu sabes Mãe, não te preocupes. Ser Mãe tem dias maus, dias em que o fracasso falou mais alto. Dias de cansaço, em que apetece meter a cabeça debaixo dos cobertores e fingir que não existimos. A culpa vai ser do sono, do trabalho, da discussão parva com o marido ou de veres mais uma maldita estria no rabo enquanto tentavas experimentar um biquini para este ano. Depois erras. Estás a lidar tão bem com tudo. Leste muito sobre apego, disciplina positiva e até já deste tantos conselhos a mães em apuros. Tu sabes o que fazer, mas naquele momento, na tua casa, com o teu filho que amas mais que tudo, foste tu que erraste. E a culpa, o peso das tuas atitudes, pesam-te o dia todo em cima.

Tudo passa. Estás a ir bem, Mãe. Amanhã já nada importa, o teu filho a rir-se para ti compensa tudo, ele vai correr para ti quando te vir e tu voltas a saber que és a melhor mãe do mundo. A comida pelo chão, a birra dessa manhã ou a estria que viste ontem, passam a ser supérfluas de novo. Voltas a dizer àquela mãe do facebook o que fazer para aguentar as noites mal dormidas ou como lidar com uma birra sem nunca gritar. Voltas a partilhar frases de mães perfeitas e a ler o teu blogue preferido. Até voltas a julgar a mãe que falhou.

Ser Mãe é difícil. Pode ser a melhor coisa do mundo. Mas nunca ninguém te dirá verdadeiramente o quão difícil é.