A primeira motivação para criar este novo blogue chama-se Guilherme, pesa uns 12kg e tem 20 meses e 9 dias. Todos os dias ele me faz ter vontade de fazer coisas novas, de traçar outras metas, de ser melhor e fazer mais. Mas também é ele que me prende ao chão e dou por mim a despachar tudo à minha volta para que o tempo seja com ele. Muita gente diz que isso é mau, que não pode ser, que também temos que ter vida etc etc. O (não) problema é que a nossa vida passa a estar ali. Podemos dar voltas e voltas, mas é ao lado da cria que nos sentimos bem, mesmo depois de noites sem fim, de dores nas costas, de preocupações que nunca mais acabam, é sempre ali que desejamos estar.
Eu sempre fui o tipo de pessoa que levantava uma sobrancelha de admiração perante as mães que abraçavam a maternidade com todas as forças. Levantava duas sobrancelhas quando via mulheres que decidiam ficar em casa e serem mães a tempo inteiro. Ficava estupefacta quando via crianças de 3 anos a dormir com os pais e proferia demasiadas vezes as míticas palavras “comigo será diferente”.
Uma coisa é certa, foi diferente, nisso estamos de acordo. A maternidade não me abriu logo os olhos, nada disso. Passei 39 semanas e 3 dias a preparar-me, na ilusão que preparar era o que eu estava a fazer. Reclamei muitas vezes do peso, do cansaço, da barriga enorme. Programei o parto ao pormenor, fiz aulas sem fim, fui acompanhada por vários profissionais de saúde, tirei dúvidas, fiz os tipos de respiração todos e aprendi o que era posição gata assanhada. Comprei o enxoval todo e fiz listas intermináveis com tudo o que seria preciso para receber o nosso mais que tudo. No dia do parto fui confiante, achando que estava a fazer tudo o que podia e o melhor que sabia.
Hoje nada disto seria assim. Ao longo destes 20 meses fui descobrindo o lado da maternidade com o qual instintivamente mais me identifico. Quando digo palavras como Babywearing, doulas, CAMs, Baby Led Weaning, Co-sleeping, parentalidade com apego ou educação positiva há sempre quem fique a olhar para mim com ar de “o que acabaste de dizer?”. Muitos destes temas são totalmente desconhecidos ou, sendo conhecidos, são de forma errada. Existem vários conceitos incorrectos por aí, muitas vezes ainda antes de conhecermos a fundo, acabamos por julgar ou criticar, eu própria o fiz. Assim sendo, pelo meio de fotos chatas do Gui e muitos vídeos e registos (já que é o grande motivo deste blogue) irão também encontrar estes temas debatidos não apenas por mim, mas por outras mães convidadas.
Porque afinal, qual é a mãe que não dá colo?
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