Olá, filha. Já falo contigo há algumas semanas, desculpa se na maioria das vezes as nossas conversas são apenas mentalmente. Sei que te fartas de ouvir a minha voz e que poucas vezes é realmente dirigida a ti. Para ti, ficam os pensamentos, os momentos mais íntimos em que te digo “obrigada por existires, por me fazeres ainda mais feliz”. Deves perguntar-te quem é o Gui. É o teu irmão. Vais adorá-lo, é impossível ser de outra forma. Eu sei que passo a maior parte do tempo a falar com ele, a chamá-lo, a mimá-lo, a cantar para ele e até já me ouviste gritar. Deves achar que a nossa vida cá fora é uma animação, e é! Acho que vais adorar fazer parte desta família, sabes? O Gui já fala em ti, diz que és a mana dele. Eu sei, ele já achou que eras um balão pequenino, um cão e continua a insistir que te chamas Gui como ele. Mas não filha, tu és a Laura, a nossa Laurinha (espero que gostes do nome que escolhemos para ti). Prometo que quando nasceres, te vou embalar também a ti nos meus braços como sentes agora que faço com o teu irmão. Prometo que também dormirei agarrada a ti, que te encherei dos mesmos beijos, que irei dar corridas atrás de ti, fazer-te soltar as melhores gargalhadas. Prometo que também te vou cantar muitas músicas e continuar a inventar letras como faço agora, imagino-te a rir aí dentro das parvoíces que me ouves dizer…são para fazer o teu irmão sorrir, sabes? Vou ter o mesmo tempo para ti, vais ser uma sortuda porque vais ter amor a triplicar, vais ter umas mãozinhas pequeninas a pegar-te ao colo e a lambuzar-te com beijos como só o teu irmão sabe dar. Ele até já colocou um livro de lado para ti. Não leves a mal os pontapés que levas às vezes, ele adora saltar em cima de mim e talvez precisemos de uma cama maior durante a noite, a minha barriga já ocupa espaço e tu já estás a ficar crescida. Tens-me ajudado muito, continua a ser fácil correr e pegar no teu irmão, acho que és tu que sabes que eu preciso de o fazer. Quando estou cansada ou a desanimar, tu costumas mexer-te e eu sei que é a tua forma de me dizer “anda lá Mãe, tu consegues!”.

Espero que as tuas últimas 20 semanas de estadia aí dentro sejam boas. Não quero que sintas pressa, eu tomo conta de ti enquanto aí estiveres. Um bocadinho destas gargalhadas que ouves, destas músicas e histórias para adormecer, dos amo-te que vais ouvindo, do meu coração a palpitar de amor quando o teu irmão me abraça…um bocadinho de tudo isto é teu também. E muito, mas muito mais virá quando te tiver nos braços, prometo.