Tenho dado por mim a pensar nas alterações que ser mãe provocou na minha vida. São tantas. Sou, sem dúvida alguma, uma pessoa diferente. Não sei se sou melhor, eu acredito que sim, mas sou, pelo menos, muito diferente de quem eu era. 

    Nunca fui uma pessoa que se conseguisse auto-defender com facilidade. Sou mais daquelas pessoas que nunca sabe dizer não, que nunca sabe dar uma tampa, sou daquelas que fica a ouvir a vida de alguém indefinidamente e que acaba por se ligar demasiado, por estar envolvida em tudo. O meu marido e a minha melhor amiga costumam dizer que eu conquisto as pessoas e que faço amizades com extrema facilidade. Eu não concordo. Considero-me minimamente sociável, mas também sei que me adapto demasiado às pessoas. Acabo sempre por sempre flexível demais, por me colocar sempre ao nível e ajustar-me para que ninguém se sinta desconfortável. Não sou capaz de atacar, nem de criticar. Tento entender sempre o ponto de vista da outra pessoa e, mesmo quando não entendo, tento ser justa. E isto não é propriamente um elogio, porque isto já me fez levar umas boas chapadas algumas vezes na vida. 

    Não é fácil para mim mudar este lado. Deixar de ser tanto assim. Só há uma coisa que me faz ser forte ao ponto de me impor um pouco mais, de dizer não quando é preciso, de colocar travão às pessoas que abusam – os meus filhos. Ser mãe trouxe ao cimo um lado meu que eu desconhecia por completo. Acho que todas as mães são assim. Protectoras das suas crias. Não há nada que me magoe mais do que alguém atacar o Gui ou a Laura. Nunca fui o tipo de mãe que os defende apenas porque sim, assumo os erros deles, dou a cara, tento dar razão aos outros. Talvez demasiada. Depois existe aquela linha muito ténue entre estarmos dispostos a pedir desculpa pelos nossos filhos, mas não esperarmos que o nosso filho seja o bode expiatório de tudo. E é aqui que se soltam as garras de mãe, é aqui que aprendo a lidar com sentimentos que desconhecia. Existem palavras que fazem o coração de qualquer mãe palpitar mais rápido. Que dão vontade de defender os nossos. De os agarrar, de os proteger. Não se espera que os pais estejam sempre a virar a cara aos erros dos filhos, mas também não se espera que deixem ali a cara à disposição de tudo, de mais uma e outra chapada. 

    Talvez sejam eles a ensinar-me a sair da situação. A ensinar-me a usar as minhas garras de mãe.