Sabem quando alguém diz que passou um dia inteiro a trabalhar, que teve um dia agitado, cheio de coisas novas, com reuniões importantes, em que falou com várias pessoas, viajou e chega a casa, mais de 12 horas depois de ter saído, e está sem paciência? Sem paciência para os filhos. Com vontade de ir dormir?

Eu entendo.

Eu tenho tido dias tão bons. Estes últimos 2 anos têm sido incrivelmente cheios. Cada vez mais. No início, devagar, como quando vamos para o nosso primeiro dia de trabalho e achamos que não percebemos nada daquilo, ou que nunca vamos ser capazes. Depois, começamos a entrar no ritmo e, quando damos conta, já dominamos a situação. Os dias são cheios, às vezes enormes e intermináveis, outras vezes passam a correr sem darmos por eles. Vivemos aventuras sem fim, acordamos entusiasmados com mais um começo de dia. Porque apesar de extremamente difícil e exigente, o nosso trabalho compensa tanto. Sentimos que a nossa vida vale a pena. Sentimos que estamos a dar tudo por alguém que merece o nosso esforço. Sentimos que somos insubstituíveis!

E depois, no final desse dia, ficamos sem a menor paciência para OS OUTROS. Para as tretas do costume. Para pessoas que nos enchem a cabeça com o que não interessa. Ficamos sem pachorra para fretes que antes fazíamos. Não estamos para nos sujeitar. Não nos apetece fingir sorrisos. Não aturamos falsos amigos. Muito menos temos paciência para quem acha que nos pode chatear a cabeça pelo nosso trabalho! Aquele que fazemos com tanto prazer.

Por isso, no final das mais de 12 horas que passo com eles, só quero ir dormir sem que ninguém me chateie.

Porque a minha paciência é toda para eles, e mesmo assim nem sempre chega!