Já escrevi sobre o outro lado de ser mãe de dois (aqui), ainda estava eu no início desta nossa nova realidade. Depois disso, descobri que ser mãe de dois é tão simples, o amor cresce, multiplica-se, estica. O amor modifica-se, como se nos tornasse cada vez mais fortes, à medida que amamos cada vez mais dois seres tão diferentes.
Mas, às vezes, ainda dói. E ontem doeu muito. Faz parte, são situações normais de quem tem mais do que um filho. Eles compreendem e aceitam bem melhor do que esperamos, mas custa. A mim custa muito.
Foi a primeira vez que o Gui foi ao hospital sem mim. Sei que, provavelmente, irá muitas outras no futuro, que esta foi só a primeira vez que isto aconteceu. Mas, uma parte de mim, ficou de coração apertado e tive uma vontade incontrolável de me poder dividir em duas partes, de ser duas mães. Ele foi com o pai, por isso, foi exatamente como ir comigo, só que custa-nos aceitar que, por vezes, não vamos lá estar, onde sempre estivemos.
Ele pediu para ir comigo. Disse que queria a mãe. E foram essas as palavras que ecoaram na minha cabeça durante as 6 horas em que ele esteve ausente. Não podia ir, era tarde, a Laura estava exausta e, nesta fase da vida, é ela que ainda não sabe estar sem mim, adormecer sem mim, e seria impossível ir eu em vez do pai. E, ao mesmo tempo que não me pude dividir em duas partes, foi como se me rasgassem a meio, como sentisse que o meu coração ficou meio quebrado enquanto ele não voltou para o meu colo para adormecermos juntos. Inevitavelmente, pensei que alguma vez poderia acontecer o que vivemos já duas vezes na vida, um internamento. Como seria se eu não pudesse estar sentada ao lado dele dia e noite?
Ser mãe de dois é isso. No lugar onde sempre estive, ontem não estava. Nas cadeiras da sala de espera, na sala com o médico, não fui eu quem deu colo, quem amparou lágrimas, quem serviu de consolo. Fui sempre eu que estive ali, infelizmente vezes a mais, horas a mais, dias a mais. E ontem estava o pai. E ele estava no melhor colo do mundo. Mas fui eu quem precisou de colo.
2017-11-05 at 09:35
Há umas semanas a Maria, de 1 aninho, foi ao hospital com o pai e teve que passar lá a noite. Eu fiquei com a mais velha, de 3 anos em casa. Assim que percebi que a mais pequena tinha que passar a noite no hospital arranjei maneira de ir lá ter e ficar eu. Senti mesmo o que dizes quando a mais velha me disse que também precisava de mim e também queria que eu passasse a noite com ela. Mas expliquei a situação com calma (e a leveza que consegui) e ela entendeu bem.
2017-11-06 at 21:31
Pois, os mais velhos lá vão entendendo, mas não é fácil gerir estes sentimentos. Faz parte da vida de mãe de dois <3