Acho que nunca deve ter sido tão duro ser-se mãe. Temos mais recursos do que nunca, mais gadgets que prometem simplificar a nossa vida, temos berços que apitam se o bebé não respira, intercomunicadores com vídeo e wireless que os pais usam para ver os filhos a kms de distância, temos iogurtes que dizem que não precisam de ir ao frigorífico, temos acessórios que permitem nem ter que segurar o biberão, espreguiçadeiras que embalam sozinhas, bonecos que dão para gravar a voz da mãe, carrinhos que se abrem e fecham com um só clique, qualquer dia temos robots que cuidam do bebé por nós…mesmo assim, nunca foi tão duro ser-se mãe. Temos acesso informação sem fim, a cuidados hospitalares que nunca foram melhores, temos todo um mundo aberto nas redes sociais que nos permite conhecer pessoas de todo o mundo, mesmo assim nunca foi tão duro ser-se mãe. Porquê? Porque não precisaríamos de nada disso, mas sim de ouvir mais o nosso instinto, de usarmos mais o nosso corpo para tratar do nosso filho e acreditarmos mais em nós.

As mães são as que mais dificultam este papel a outras mães. É entre nós que mais surgem ataques, comentários, críticas. Estamos todas na fila da frente para apontar o dedo. Pintam-se cenários ideais atrás de um computador. Filhos perfeitos, educados, não choram, não gritam, só dão beijos e abraços. Dormem noites inteiras. Se uma mãe erra, se deu um iogurte com açúcar, não faltam 10 mil mães na caixa de comentários a proclamar o horror que isso é e que jamais em tempo algum o fizeram. Depois, no dia-a-dia, todas erramos, todas estamos a aprender, todas simplificamos, todas sabemos que nem todos os dias são perfeitos, todas conhecemos os dias maus, o cansaço, as birras, ou simplesmente um dia em que ser mãe não foi assim tão bom.

Os grupos de mães nas redes sociais podiam ser uma oportunidade de nos sentirmos próximas de mães a passarem pelo mesmo…mas raramente assim é. Não existe empatia entre mães. E porquê? Porque no fundo todas sentimos a pressão de sermos perfeitas. Mentalizem-se disto, ninguém coloca fotos dos dias maus, das noites em branco, da pressão, do cansaço, das olheiras do pós-parto. Ninguém coloca fotos de cabelo despenteado, pijama e banho por tomar há 2 dias. Ninguém coloca fotos do leite bolsado da camisola, do medo de não estar a fazer a coisa certa, de um bebé inconsolável ao colo. Ninguém coloca fotos da sala de espera nas pediatrias. Não há fotos de cozinhas cheias de loiça suja, de melancia espalhada pela sala toda e da pilha de roupa por passar. Não há fotos nem descrições dos dias maus no trabalho, das discussões, dos dias de medos e angústias, dos dias em que nos dói a cabeça até mais não.

As mães precisam de apoio, umas mais que outras é certo. Nem todas nos sentimos igualmente confiantes ou bem nos mesmos dias. Eu quero acreditar que todas tentamos dar o nosso melhor. Que mãe que é mãe, luta incansavelmente pelo melhor dos seus filhos, para vê-los felizes, para que cresçam bem. Eu acredito sempre que é nossa obrigação tentarmos saber mais, saber como podemos mudar. Muitas mães defendem-se rapidamente, afirmam que foram educadas assim e correu bem, eu acho mesmo que em algumas situações é pura preguiça não tentarmos aprender mais, usar os recursos que temos e evoluirmos, sabermos que açúcar é desnecessário, sermos perspicazes ao ponto de entendermos que somos vítimas de publicidade agressiva disfarçada em formato ecografia4D ou amostras pelo correio, acreditar que há formas de educar sem bater, que o mundo evoluiu e agora sabemos que é errado…Podemos e devemos continuar a ser melhores.

Mas há duas coisas a não esquecer, todas erramos um dia e devemos ouvir sempre mais o nosso instinto.

Ser mãe é a melhor coisa deste mundo, dá-nos a conhecer um amor sem igual. Podia ser menos duro se nos respeitássemos mais.