Há momentos que não consigo fotografar ou filmar. Há quem não compreenda porque lhes tiro tantas fotos, eu própria tenho cada vez mais dificuldade em registar cada momento, porque corro o risco de não o conseguir aproveitar de verdade. Por outro lado, quero muito um dia ter o máximo de recordações deles, a forma como falavam, como brincavam, o que gostávamos de fazer, como eles eram felizes.

Depois existem todos aqueles instantes que não podemos registar e que tentamos guardar, para sempre, na nossa memória. Eu fecho os olhos com força, como se tentasse garantir que as imagens ficam gravadas em mim.

Hoje de manhã, ela dormia entre mim e o irmão, assim que acordou, só o viu a ele e disse baixinho:

Bom dia mano

Depois, deitou a cabeça nas costas dele, ficou a fazer festinhas no cabelo dele e fechou os olhos. Estava escuro e eu não podia tirar foto, nem sequer tinha o telemóvel por perto, por isso, guardei este momento num lugar especial do meu coração.

Mais tarde, o Gui caiu e magoou-se, veio para o meu colo a chorar. A Laura saiu a correr do escorrega, super aflita, fez miminhos ao Gui enquanto dizia:

Não chóia mano!

apeteceu-me apertá-los tanto e agradeci muito por poder estar sempre ao lado deles, assistir a cada um destes momentos, aqueles que por vezes nos passam despercebidos, mas para os quais eu estou cada vez mais atenta, porque são estas as pequenas coisas que contam, são estes os instantes que me fazem verdadeiramente feliz.

Gui, 4 anos

Laura, 20 meses