Quando soube que estava grávida pela segunda vez (e soube bem cedo!), foi uma explosão de sentimentos dentro de mim, impossível de descrever… Por um lado, uma felicidade enorme, senti-me, talvez, um pouco mais segura e confiante, por outro tive tanto medo… e é deste medo que quero falar, este medo que atormenta a grande maioria das mães, mas que ainda é um assunto tabu!

Percebi que muitas mães sentem o mesmo, mas não falam, não se permitem tal sentimento, como se fosse errado.. não é errado, é natural, faz parte de nós, temos medos e angústias que devemos saber dividir, são fardos pesados que se tornam mais leves depois de ouvir uma palavra amiga!

O meu coração estava tão preenchido pelo amor que tinha pelo meu primeiro filho, o Gonçalo, que naquele momento, cresceram muitos receios dentro de mim. E se não amasse o segundo bebé tanto quanto amava o primeiro? O meu colo era tão perfeito para o meu primeiro filho, e se não houvesse espaço para o segundo?

Mas eu queria tanto aquele bebé, queria-lhe já tanto bem! Senti, muitas vezes, que traía o Gonçalo, porque o amava mais que tudo, até ao infinito, chamava-o de “meu maior amor no mundo” e continuei a chamar, mas cada vez que o fazia sentia-me culpada. Afinal, ele continuava a ser o meu amor maior do mundo, mas no meu coração já outro amor nascia.

Nas primeiras semanas, guardei segredo só para mim, mas depois senti necessidade de falar sobre isso e fui conversando com algumas mães que tinham já 2 filhos. Na altura, falei com as pessoas certas, mães que sentiram o mesmo que eu, mães que dividiram angústias comigo, que me fizeram pequenas confissões e me aliviaram um (bom) bocado a minha angústia. Mães que em momento algum me fizeram sentir errada! Mães que não me apontaram o dedo, pelo contrário, mães que me deram a mão quando precisei, que me disseram as palavras certas e deram algum sossego ao meu coração angustiado!

Percebi que não era defeito. Todas me diziam o mesmo: num momento ou outro (quase) todas as mães sentem o mesmo. Uma mistura de culpa com uma alegria imensa! Momentos em que acharam que estavam a negligenciar a segunda gravidez, que tiveram medo de não ter amor para dividir com mais ninguém!

Mas o amor não se divide, o amor multiplica-se e de uma forma tão especial. Eu acreditava que era assim, o meu coração dizia-me que era isso que ia acontecer, mas precisava de o sentir. Desejei que o tempo passasse depressa, tinha necessidade de ter o bebé no meu colo. Vê-lo e senti-lo no meu peito para o amar tanto quanto amava o Gonçalo!

A pouco e pouco, dando-me o espaço e o tempo que eu precisava o meu António ganhou o seu lugar, sem me apressar, cada pontapé que me fazia sentir era mais um pedaço do meu coração que ele ganhava! Serenamente, à medida que o meu corpo se transformava, aquele amor entrava no meu coração e ganhava o lugar que lhe pertencia. A natureza é perfeita, por algum motivo geramos os nossos filhos durante 9 meses dentro de nós!

O António nasceu e aquela chapada de amor… Ele era lindo, perfeito, nasceu de um parto difícil, mas a magia aconteceu.

Naquele momento, ainda anestesiada pela dor e pelo cansaço, o meu coração dobrou de tamanho! O coração de uma mãe é mesmo um lugar mágico, há amor e mais amor, há mais calma e mais harmonia. Há de tudo e ainda um pouco mais…

Cidália Monteiro

Mãe do Gonçalo e do António.

Ser Mãe, entre muitas outras coisas, mudou-lhe a vida. Com o G., nasceram também outros sonhos e a determinação para os concretizar. 

A Cidália dá aulas de Yoga para bebés e crianças na Sunshine Yoga Baby & Kids e podem conhecê-la melhor na sua página pessoal aqui. Fez, ainda, diversas formações em Desenvolvimento Infantil, frequentou vários workshops de Comunicação Não Violenta e está em processo de certificação em Educação Parental.