Mudam todos os dias, isso já sabemos. Crescem a uma velocidade estonteante e todos os dias nos mostram mais deles, mais da sua personalidade e quem eles são de facto. É isso que a infância tem de maravilhoso, as crianças são folhas em branco, ainda por escrever. A nossa luta enquanto pais tem sido essa mesma, deixá-lo ao máximo ser fiel a ele mesmo, deixá-lo explorar livremente, deixá-lo viver as fases a que tem direito enquanto respeitamos os desafios de cada uma delas. Isto não é fácil obviamente e existem sempre os dias piores, os dias em que usámos palavras que não quisemos, os dias que não fomos tão tolerantes quanto gostaríamos de ter sido, os dias que impusemos a nossa vontade porque já estamos formatados a pensar que o correcto é assim.

Apesar desses dias, acredito que somos os pais no caminho de o deixar ser o mais livre possível. Limites existem sempre por todo o lado, e cabe-nos guiá-lo e estar ao lado dele quando embate nesses limites e compreende as consequências das atitudes dele. Não é fácil vê-lo frustrado com pequenas coisas, ver que os 2 anos trazem uma vontade feroz de correr o mundo e explorar tudo até à exaustão. Durante algum tempo depois de completar os 2 anos, o Gui passou uma fase mais desafiante, tudo o irritava, estava feliz da vida e no minuto seguinte parecia irritado com a vida por uma simples coisa como não ter sido ele a carregar no botão do elevador. Essa fase já lá vai e estamos numa outra mais calma, mas em que ele claramente procura mais afincadamente conseguir o que pretende, usando outro tipo de argumentos mais completos e estruturados.

Coisas que ele faz, entre tantas e tantas outras que não conseguimos registar:

  • Deixou as fraldas durante o dia, incluindo as sestas. É um drama para lhe colocar uma fralda à noite para dormir, recusa-se. Mas…
  • …tem vários deslizes se andar feliz da vida a brincar ou com mais gente cá por casa.
  • Dorme sestas de 2 e 3 horas, coisa que nunca fez nada vida!
  • Dorme noites completas (pais de crianças que não dormem, força nisso, tudo passa).
  • Fala tantoooo! Começou a falar há muitos meses, já repetia tudo, já fazia frases, agora faz 300 perguntas por dia, explora o vocabulário, comenta tudo connosco, faz frases enormes, é uma perdição ouvi-lo.
  • Imita-nos! Começou há umas semanas e agora imita alguma pessoas, especialmente se o chamamos à atenção, ou se estamos a dizer algo para ele fazer, começa a imitar-nos em tom de brincadeira.
  • Faz sons e mini diálogos enquanto brinca, pega nos comboios e faz os sons deles, inventa histórias, faz os sons de acidentes, explosões, ri-se…adoro vê-lo brincar.
  • Começou a recusar vários alimentos que comia super bem até aqui. Agora diz que não gosta, mesmo antes de provar…
  • … e começou a aceitar comer outros em que dizia sempre que não.
  • Utiliza o “ontem” para tudo o que é passado.
  • Finge ser outras pessoas e atribui-nos outros papéis. Por exemplo, diz-me “tu agora és o Gui, eu sou a mamã”. Um dia destes à mesa connosco e os meus pais, trocou todos os lugares, a avó pelo avô, eu era ele, ele era o pai. Depois encarna o papel e imita as coisas que normalmente lhe dizemos.
  • Quando quer alguma coisa diz “eu preciso”, por exemplo “peciso de batatas”, “peciso da minha pêpê”
  • Passou de não querer ir à piscina (a não ser nas escadas ou com água só pelos pés) para nos últimos dias de férias arriscar e agora só quer nadar sozinho, uma evolução incrível em 2 dias que nos deixou de boca aberta.
  • Diz coisas amorosas como “ainda num já tá!” (Ainda não está), “eu fazi xixi” (eu fiz xixi), “o quem é? o quem lá vem”, “eu consego”…
  • Antes de ir dormir diz “Mãe, dormes comigo?”…tão bom!

E tantas outras coisas. Cada vez mais sinto necessidade de registar cada coisinha que ele faz, cada momento, cada frase que por vezes só diz uma vez. Cada vez que ele faz algo diferente, corrige uma palavra que antes dizia errado, cada vez que demonstra conseguir chegar mais alto na cozinha, fazer mais coisas sozinho, é como se algo nos escapasse. Todos os dias temos mais um dia de vida. Todos os dias ele tem uma idade única, que jamais repetirá. Temos que aproveitar cada dia, cada momento, são todos especiais. Todas as fases passam, as boas e más. No dia seguinte, quando eles acordam, é sempre um dia único, que terá certamente algo novo para ele, onde ele descobrirá como chegar ao interruptor da luz, ou testará pintar a cara com marcadores.

Lembrem-se, é o vosso filho a crescer, a viver intensamente mais um dia, mais um dia que deixará saudades. Hoje quis recordar tudo em ti filho, porque amanhã não será igual, amanhã terás 2 anos e 141 dias.