Uma das coisas difíceis que a maternidade me trouxe foi a aceitação. Tive que aceitar tantas coisas novas. Aceitar-me mais, aceitar o meu novo corpo, aceitar que a vida mudou, aceitar que nem sempre sou capaz. Aceitar que também falho. Aceitar que afinal não sabia nada e estou sempre a aprender. Aceitar que ser mãe nos faz mudar de ideais e nos mostra que não há verdades absolutas. Aceitar que afinal eu também faço aquilo a que tantas vezes apontei o dedo. Aceitar que os filhos não são aquilo que esperamos sempre que sejam, são e pronto. Aceitar que o amor dói, que amar tanto faz sofrer por vezes. Aceitar que o tempo escapa entre a primeira vez que nos olham, o primeiro passo sozinhos e as frases que de repente sabem formar. Ser mãe ensinou-me a aceitar todos os dias que não há nada certo. Que mesmo a dormir, o meu coração está alerta, que nunca mais estarei relaxada, sem grandes preocupações. Aceitar o cansaço, as falhas e o que ficou por fazer. Aceitar as mudanças constantes. Aceitar que mesmo querendo o melhor deste mundo para eles, por vezes eles irão magoar-me, mas faz parte. Aceitar que nada será como antes, mesmo que por vezes as saudades de quem já fomos possam surgir, aceitar que seria incapaz de viver sem eles.
Mas há algo que a maioria das mães tem dificuldade em aceitar, as outras mães. Como mães, temos aquela sensação de poder, de sabedoria, aquele sangue de super-heroína que corre nas veias misturado com dúvidas e medos. Quando sabemos que algo é bom para o nosso bebé, tentamos sempre impor a nossa visão a outra mãe, mesmo que de forma suave. Aceitar as outras mães é muito importante. E têm sido o meu desafio. Quase todos nós temos a tendência de afirmar que aceitamos os outros, que cada mãe é que sabe o melhor. Podemos até saber isso, acreditar nisso, mas na hora em que nos deparamos com uma mãe diferente, com outras escolhas, com comportamentos que não teríamos, que sabemos ou achamos saber serem incorreto, então esquecemos a teoria da aceitação toda. Porque há algo em nós mães que nos faz sentir vontade de espalhar a nossa verdade. Lá no fundo, eu acho que isso não é mais do que o nosso instinto de ajuda, o nosso apoio, a vontade de ajudar, de acolher outras mães. Aceitar. Aceitar que as mães são todas diferentes. Aceitar que há mães que não querem ser ajudadas, por isso, eu devo ficar no meu canto e deixar o meu coração mais sereno. Nem sempre é para intervir. Às vezes temos mesmo só que aceitar.
Aceitar as outra mães.
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