As mães não tiram férias. Não podemos simplesmente desligar e tirar uns dias de folga. Não podemos deixar de lado a mãe que somos. Podemos até continuar a ser muitas outras coisas, professora, amiga, mulher, pessoa que gosta de séries ou de beber um bom copo de vinho. Mas seremos sempre mães. E as mães não param de pensar, de se preocupar, não descansam. Podemos estar a 1000 quilómetros de distância dos filhos, mas estamos sempre com eles por perto. Quando os dias são longos, depois de noites ainda mais longas, quando as costas se queixam, os braços doem, quando precisamos tanto de um banho de espuma quente. Quando há choro que não conseguimos calar e gritos que não entendemos, nesses dias, apetece tirar uma folga! Podiam ser apenas uns minutos de folga. Mas as mães não tiram folgas, nem férias. Se fugirmos, vamos apenas pensar mais ainda nos nossos filhos e voltamos com mais culpa em cima. 

Ser mãe é dar banho depois de ouvirmos 200 vezes “não quero”, e acabar com o banho depois de 2000 “não quero”. É tentar entender porque o nosso filho tem tudo e está a gritar que não quer aquele desenho animado, afinal já quer, não quer outra vez. É não saber porque é que vestir o pijama é tão difícil e pode demorar tanto. Porque tirar o pijama no dia seguinte demora o dobro. Ser mãe é saber que afinal hoje não era dia das cuecas da patrulha pata mas sim do cars e ouvir mais um choro que parece inconsolável. É ver o chão da sala que foi acabado de limpar cheio de comida, logo hoje que estamos tão cansadas. É pedir coisas e ouvir não, é dizer não e ouvir sim. Ser mãe é sentirmo-nos mal por contrariar, quando sabemos que estamos a fazer tudo para os ver bem. Caramba, porque é que ele não se calça? Ser mãe é querer estar dividida em muitas partes, para podermos fazer mais ao mesmo tempo.  

São os dias em que ser mãe pode ser um desafio, aqueles desafios que ninguém nos avisou que íamos ter. Ter uma bebé ao colo a chorar e um filho de 2 anos e meio que chegou agora a casa e chora no corredor e ainda estamos a tentar perceber o que se passa. É neste instante, em que estamos ali no meio do caos, que apetece fugir, por escassos segundos essa ideia passa por nós, tirar férias de mãe! 

Mas as mães não o fazem, as mães limpam as lágrimas e seguem em frente. Acalmam o bebé. Tentam perceber o drama do mais velho. Dizem que vai ficar tudo bem, alto e para elas próprias. O pijama ainda é difícil de vestir, ainda se ouvem mais uns choros de frustração pelo meio. As costas ainda doem e só queremos chegar à cama ainda que a noite possa ser longa. Lemos uma história, e outra, e só mais uma. E finalmente todos dormem, e há um silêncio esmagador na casa. Ser mãe é olhar os nossos filhos a dormir, aquela paz incrível que as crianças transmitem enquanto dormem. O nosso coração enche-se de novo, caramba, é impossível amar mais! E passa tudo, juramos que amanhã vai ser melhor. Vamos ser melhores, vamos ter mais calma, são só bebés, e são nossos filhos, e somos mães. 

E as mães não tiram férias, porque não vale a pena tirar férias do melhor trabalho do mundo.