Ontem entrámos na Almada 13 (adoro passar por lá quando visitamos o Porto). O pai ficou a estacionar o carro. Num momento de confusão, em que a minha avó atendeu o telemóvel, o Gui pegou numa das andorinhas. Quando lhe pedimos que a colocasse no lugar, ele deixou-a cair, bateu num prato e partiu.

Ele ficou, obviamente, atrapalhado. Pediu desculpa. Eu expliquei que lhe tinha pedido na entrada da loja para não mexer em nada. Confesso que, por uns minutos, me senti irritada. Porque a Laura chorava no colo, porque ele mexeu em alguma coisa mesmo quando eu lhe pedi para não o fazer, e porque enquanto o chamava a atenção, ele continuava agitado, a fugir e sem parecer ouvir-me. Estavam cansados. Assim que parei para respirar, consegui pensar com mais clareza. Os erros acontecem, não apenas com as crianças, mas com todos nós.

Disse-lhe que teríamos que dizer à senhora da loja. Ele pediu para não irmos, pediu desculpa, estava aflito. Expliquei, com calma, que não estava zangada com ele, mas que quando erramos, devemos assumir sempre e tentar resolver. Fomos juntos ao balcão, expliquei o sucedido e soube que teríamos que pagar a caixa completa. A senhora disse que raramente alguém assume. A verdade é que bastava sairmos sem dizer nada, a loja estava cheia de gente.

Mas que tipo de mensagem estaria a passar ao meu filho se eu própria encobria um erro? Mesmo que seja um erro normal, uma coisa que acontece.

Paguei e ele ficou preocupado, perguntou se tinha sido caro.

Não precisamos gritar ou castigar. Temos apenas que conseguir colocar-nos no lugar deles e mostrar-lhes como agir, como podemos resolver. Porque não adianta ditar ordens, castigar ou envergonhar. Importa sim que eles compreendam como este mundo funciona e como podem solucionar todos os erros. O que nos distingue não são as nossas falhas, mas sim o não desistir de tentar fazer melhor.

Trouxemos as andorinhas. E ele, antes de adormecer, disse-me que ela era tão bonita e que só a queria ver de perto.