Amar depois dos filhos, é saber que não se ama nunca mais da mesma forma. Tudo aquilo que amámos até ao exato instante em que soubemos que seríamos mães, nos parece outro tipo de sentimento. Não pode ser só amor. O amor pelos filhos é o amor na sua forma genuína. O amor sem filtros. O amor que não se compra. O amor que não pára nunca de crescer. O amor que nunca cai na rotina. O amor que nunca arrefece. O amor a que nunca faltam os carinhos. É o amor que nunca perde o ar apaixonado dos primeiros dias. É o amor que nos faz palpitar o coração mais rápido para a vida inteira. É o único amor que nunca morre. O amor pelos filhos, sobrevive a todas as distâncias, a todos os maus momentos, a todas as barreiras. É o amor sem cobranças. É o único amor que continua a crescer, mesmo nas maiores crises, mesmo entre gritos, mesmo quando faz chorar. É o amor em que a saudade nunca desvanece. Em que a vontade de estar junto nunca é menor. O amor pelos filhos é o único que não precisa ser correspondido. É o único que faz sofrer sem magoar. O amor pelos filhos faz-nos duvidar de tudo o que amamos para além deles, porque os filhos passam a vir antes de tudo. Antes de nós próprias.
Mas esse amor, normalmente, resultou de um outro grande amor. Um amor que poderá ser para sempre, ou que poderá desaparecer. Um amor que precisa de ser alimentado para crescer, que precisa ser cuidado para não morrer. Há um amor que nos traz o amor incondicional para a vida, mas que deixa de ser o único amor. Não é fácil amar depois de amar um filho. Precisamos manter o espaço no nosso coração. Aprender que há sempre lugar para mais amor na nossa vida. Há um amor que precisa de tempo, que precisa de carinhos e compreensão. Um amor que precisa de troca de confissões, e passeios de mãos dadas. Um amor que precisa de ser abraçado com força. Há um amor que vai morrendo devagarinho quando os olhares não se cruzam, quando as mãos não se tocam, quando os lábios não se sentem. Há um amor para além do amor que nos consome e nos enche as medidas.
Dizem que há lugar para vários tipos de amor na nossa vida. Ainda que não exista amor, como o amor pelos filhos, é bom quando nos conseguimos amar. Para depois podermos conhecer diferentes formas de amar os outros.
2018-02-06 at 23:36
Muita verdade há nestetexto.amar os filhos é beber da fonte da ternura,abraçar o nosso coração e tocar na sensibilidade do nosso EU.AdoroooooooParabens
2018-04-22 at 19:39
É assim, exactamente, como descreve. Posso confirmá-lo, com rigor, eu que já sou avó. Obrigado.