Quando me apaixonei por ti, escrevi-te muitas vezes. Palavras que nem sabias que eram tuas. Um dia, sorriste de volta e o meu estômago doeu. Começou a nossa história, não apenas de amor. Uma história longa, com muitos altos e baixos, muitas aventuras e partilhas. Tivemos todo o tempo do mundo do nosso lado, demos muitos abraços, beijos, passeios de mãos dadas. Falámos até à exaustão. O meu mundo cruzava o teu, grande parte do tempo. Fomos a prioridade um do outro, o primeiro olhar de manhã, o último beijo da noite. Um dia ficámos 3. E depois 4. E eu não me lembro da última vez que dormimos abraçados uma noite inteira. Não somos a prioridade um do outro, mas temos uma prioridade que nos une. Esqueço-me muitas vezes de nós. Não é por mal. Tu preparas o pequeno-almoço, eu preparo-os a eles. Tentamos que todos comam qualquer coisa, depois de noites atribuladas. O relógio anda rápido de manhã e estás de saída. Às vezes, voltas atrás para te despedires melhor de mim. Os nossos abraços nunca são a dois, porque temos mais 4 braços pequeninos que se colam às nossas pernas. Tentamos conversar, mas o tempo quase nunca chega para o que queremos dizer. Trocamos muitas palavras, mas com instruções para ver quem adianta ou jantar, ou lhes dá banho primeiro.

Amanhã cuido de nós, prometo. Mas amanhã vem depois de mais uma noite sem dormir. De muitas brincadeiras e euforia. De um relógio que nunca pára e que nos faz acelerar o ritmo.

Eu sei que um dia esse amanhã será verdade e voltaremos a ser apenas dois. Hoje, somos quatro e não existe muito espaço para nós.

Amanhã, prometo.