Amamentar nem sempre é fácil. Também nem sempre nos explicam isso. Amamentar é um dos actos mais naturais do mundo, mas por vezes pode tornar-se um desafio. Podem ser razões médicas a impedir o sucesso da amamentação, mas muitas vezes é muito mais do que isso. São as ideias pré-concebidas, são os mitos que de tantas vezes ouvidos se tornam em factos. São as palavras de outras mães que nos dizem que o leite é fraco ou que, na primeira dificuldade, nos incentivam a desistir. São bebés que choram e que nos levantam a dúvida de sabermos se passa fome. São por vezes as dores na amamentação que encobrem o prazer que seria suposto sentirmos.

A amamentação é natural, é intrínseca a qualquer mãe. Mas nem sempre corre bem. Mesmo quando começa bem, quando estamos no bom caminho, inevitavelmente surgem as primeiras curvas que teremos que ultrapassar. De repente, o nosso bebé mama a toda a hora, parece irritado e a meio da noite tudo nos parece negro. É nessa hora que voltamos a culpar a mama, o nosso leite. É quando mais uma vez duvidamos e nós, do nosso corpo.

Eu acredito que podemos conseguir que este caminho seja mais fácil. Para isso, precisamos de segurança, de confiar em nós. Ler muito (e de qualidade) durante a gravidez, conversar com outras mães, conhecer as dificuldades, mas também as maravilhas de quem amamenta. Assim que a Laura nasceu, procurou-me para mamar. Um bebé de minutos, que acaba de vir ao mundo, já consegue encontrar no nosso corpo o que mais precisa, sem quase ser ajudado. Desde aí, mama sempre que quer. Amamentar em livre demanda não é sempre fácil. Exige muita disponibilidade da nossa parte, implica a total entrega ao nosso bebé. Não é errado por vezes estarmos fartas ou cansadas, faz parte do processo. Vão existir dias (e noites) em que o cansaço nos vai impedir de pensar com clareza e vamos pensar que é demasiado, que assim não aguentamos. Mas depois, no dia seguinte, voltamos a ver aquele ser minúsculo a revirar os olhos de satisfação enquanto adormece no nosso peito e sabemos que tudo valeu a pena.

Depois da Laura nascer, apesar de tudo o que eu já sabia, de tudo o que li, apesar da certeza dentro de mim que amamentar era o que mais queria, sabia que ainda havia algo mais que eu podia fazer para que o medo não se cruzasse connosco e para que todos os receios, dúvidas e obstáculos pudessem ter ser resolvidos. Nós já conhecíamos a Filipa dos Santos, fomos conversando algumas vezes. No dia seguinte ao nascimento da Laura, combinámos com ela para a semana seguinte. Ela perguntou se estávamos com algum problema com a amamentação e eu expliquei que não, que estávamos a precisar dela para evitar essas eventuais dificuldades que poderiam vir surgir. A Filipa é Conselheira de Aleitamento Materno (CAM) e Doula na Amamenta Porto. Foi ela que me ajudou a ultrapassar o dia da descida do leite, deu-me dicas preciosas e tudo foi muito mais simples do que quando passei por isto do Gui. A Laurinha tinha quase 1 semana quando a Filipa veio cá a casa. Esteve algumas horas connosco, ajudou-me a perceber as melhores posições para amamentar, deu-me dicas, conselhos, ideias para ajudar perante possíveis dificuldades que possam aparecer. Tirei muitas dúvidas, desmistifiquei algumas ideias que ainda tinha erradas e acima de tudo senti-me muito mais segura por saber que a tenho, aconteça o que acontecer.

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Amamentei o Gui em exclusivo até ele ter 5 meses e deixámos a amamentação com 6 meses. Fiquei sempre com pena disso, apesar de hoje já não me culpabilizar. Queria muito amamentar a Laura até ela querer. Ainda não sei o que acontecerá, mas sei que gostava de ter sabido a quem recorrer quando tive dificuldades a amamentar o Gui. Gostava que alguém me tivesse dito para procurar uma CAM, gostava de saber que elas são quem mais pode ajudar uma mãe na amamentação.

Mães que amamentam, procurem uma CAM perto de vocês, saibam a quem recorrer ou façam como nós e recorram a uma ainda antes de estarem com algum problema. Faz toda a diferença. 

Obrigada Filipa, do fundo do coração. Obrigada por me ajudares a sentir confiança em mim. Uma mãe tem tudo o que precisa para cuidar do seu filho, só precisa que a apoiem, que a incentivem e lhe provem que é capaz. As mães precisam que confiem nelas. Não precisamos de mais dúvidas, palpites e histórias que só nos desmoralizam. Precisamos que nos digam que está tudo bem, que vamos conseguir!