Já há uns tempos que o Gui tem vindo a deixar de usar fralda, há uns meses comprámos um pote (bacio, pitó, penico, como queiram chamar) daqueles básicos do IKEA que foi estando lá por casa, ele adorava sentar-se lá mais por brincadeira, umas vezes fazia xixi, mas sem nunca falarmos em fraldas. Na creche dele, FELIZMENTE, não fazem desfralde ou treino do bacio (grrr que termo irritante), ou não o forçam digamos. Não há um timing específico para isso, não há horas para fazer xixi, não há idas em grupo ao wc com meninos em roda todos no pote, credo! Por isso, pudemos seguir o ritmo natural dele. Nunca pensei muito nisso, primeiro porque não me incomoda de todo ele usar fralda, convenhamos que é fácil para os pais eles usarem fraldas! Depois porque sempre achei que com o calor era muito mais simples para lavar e secar roupa e para o poder deixar andar à vontade…e, por fim, porque engravidei e achámos que com a mana a caminho, só o tempo diria quando chegaria o dia dele.

Um fim-de-semana destes estivemos em casa dos meus pais, o calor por lá é desesperante (comparando com Aveiro), talvez por esse motivo, o Gui quis andar sem roupa, começou a despir-se e recusou-se a usar calções ou fralda, claramente incomodava-o. Passou o fim-de-semana sempre sem usar fralda de dia, claro, com vários percalços pelo meio. Quando na segunda-feira tentei colocar a fralda, começou num pranto a dizer que não. Ora bolas, eu nem um único par de cuecas tinha em casa, honestamente nunca tinha pensado nisso.
Tratei dessa parte, comprei algumas cuecas, voltei a trazer o pote para a cena e alertei na creche para estes sinais. Pronto, e a coisa tem sido isso mesmo.

Respondendo à pergunta do título. Desfraldar como? Eu diria que não há um “como”, não há “uma altura ideal”. Este é mais um dos muitos temas “está na hora de”. Não está na hora, não há “UMA” hora…depende da criança, de inúmeros factores à sua volta e, como em tudo o resto, temos que tentar olhar para o nosso filho, interpretar os sinais e perceber se estão ou não preparados para determinadas fases emocional- e fisiologicamente. Acima de tudo, não podemos colocar neles a pressão toda, dizer que tem que ser, que já é crescido, chamar de bebé quando se recusa a ir ao pote, ou chamar a atenção quando falham. Também não precisamos elogiar a toda a hora e dizer que ficamos muito felizes…lembrem-se, não é suposto ele fazer as coisas para nos agradar. O desfralde é complicado para alguns, no caso do Gui, apesar de ele querer muito, teve bastantes deslizes pelo meio, esquece-se de pedir, esquece-se de ir, dificilmente quer largar a brincadeira para ir à casa-de-banho e o xixi até foi pacífico, mas o fazer cocó demorou mais. Agora está numa fase em que as sestas já são sem fralda e a coisa vai indo, ainda devagar e ao ritmo dele, sem pressas, sem pressões, nem em casa, nem na creche e é assim que deve ser. Agora no mês de Agosto eu estou com ele em casa e está a ser muito mais simples, temos todo o tempo do mundo e ele sente-se bem com isso, por isso tem corrido muito bem.

Eu noto uma enorme pressão da sociedade neste assunto, como em outros, e isto não faz bem a ninguém! Basta uma pesquisa muito rápida na Internet para encontrarmos mil artigos sobre como fazer o desfralde antes dos 2 anos e pasmem-se, a bebés de 6 MESES (fiquei de boca aberta), até aplicações móveis existem para isso.
Às vezes, sinto-me mal por pensar assim, mas se por um lado isto é bom, adoro vê-lo de cuequitas e mais leve, por outro dá-me um certo aperto no peito, o meu bebé pequenino é tão grande já…largar as fraldas é mais um passo na vida dele, um enorme por sinal, e eu adoro vê-lo crescer, mas fico ainda mais nostálgica e com saudades dele bem pequenino, das primeiras fraldas minúsculas que lhe mudei, das brincadeiras no trocador, de lhe trincar aqueles pezinhos bons, das cócegas, dos pontapés que até a Laura já levou enquanto o mudo…ai ai, serei só eu?

Mais mães assim por aí?