Ter medo de dar colo a mais, de amar sem limites, de estragar com mimos. Ter pena dos beijos que damos sem fim, do que deixamos por fazer para estar com eles, da casa que nunca está arrumada. Ter medo de que nunca se habituem à escola, aos outros, a conviver e a respeitar regras. Passar o tempo a antever o futuro, a prepara-los para o mais difícil. Estar com receio de amamentar sem horários a pensar no dia em que já não estaremos a toda a hora. Ter medo de criar os filhos junto ao coração.
Todos esses receios, esses medos, essas dúvidas, esse pavor de os habitar mal, de não os preparar o suficiente não faz sentido!
Seria como não nos ligarmos a ninguém, sabendo que um dia os vamos perder. Porque todos sabemos que temos um fim, e nem por isso vivemos obcecados com esse dia e com medo de viver e de aproveitar o melhor, de nos conectarmos, amarmos, sabendo que um dia sofreremos com a perda.
Não faz sentido, não é lógico um bebé nascer e estarmos todos os dias a prepara-lo para os dias piores, esquecendo de aproveitar cada instante. Eu dou todo o colo, todo o mimo e beijos que posso. Deixo a minha cama sempre aberta para que possam dormir nela. Deixo-os adormecer ao colo. Dou a mão sempre que pedem. Pego neles sempre que choram. Acalmo todas as birras que posso com colo e abraços. Dou mama sempre que ela quer, mesmo que seja a maior parte do meu dia.
Recuso-me a viver a pensar que amanhã ela poderá estar na creche e estará mal habituada, ou que ele vai para a escola e poderá não ter as mesmas regras.
Não faz sentido ter medo de aproveitar ao máximo os bebés…é uma das fases que passa mais rápido e que deixa mais saudades.
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