Desculpem tomar este cantinho de assalto, mas tenho uma mensagem especial para deixar a esta família de que tanto gosto, em particular à Andreia.

O meu nome é Beatriz. Tenho o privilégio de conhecer a Andreia desde a gravidez do Gui, gravidez esta que partilhámos porque o Gui tem apenas dias de diferença da minha primeira filha, a Vitória. Curiosamente estamos a partilhar uma segunda gravidez, mas desta vez a Laura nascerá uns dois meses antes.

Quando os nossos filhos nasceram, ambas entrámos de rompante no mundo da amamentação. É sempre assim que funciona quando se trata do primeiro filho: num momento estamos grávidas e nunca amamentámos na vida e no momento seguinte estamos a dar mama a torto e a direito e a tentar perceber como é que aquela interação com o nosso bebé funciona. A Andreia amamentou o Gui uns fantásticos 5 meses, mas sempre partilhou comigo que gostava de ter amamentado mais tempo, que gostava de ter sabido outras coisas para poder ter tomado outras decisões. Quando a minha filha nasceu eu sabia tanto ou menos que a Andreia sobre amamentação, mas pelas dificuldades que passámos senti necessidade de me informar e acabei por fazer formação como Conselheira de Aleitamento Materno. Hoje trabalho com famílias e bebés em muitas vertentes, uma delas o apoio à amamentação.

Antes da Laura nascer, gostava de dizer algumas coisas à Andreia

1). Confia no teu corpo
Não só o teu corpo foi desenhado para dar à luz (somos o resultado de muitos milhares de anos de aperfeiçoamento deste acto) como é perfeito para que possas amamentar a Laura. O leite artificial é uma invenção demasiado recente para assegurar sobrevivência da espécie. Durante milénios os bebés foram todos alimentados com leite materno. O teu corpo produz o leite ideal para ela, a cada altura do dia, a cada vírus que ela apanhe, a cada necessidade que tenha que ser respondida. Confia e relaxa, o teu corpo sabe amamentar.

2). A Laura vai nascer a saber mamar
Tal como a larga maioria dos bebés, quando nascer a Laura já sabe mamar. Os bebés de termo nascem com reflexo de sucção, sabem mamar em qualquer tipo de mamilo e adaptam-se a quase todas as circunstancias, tão grande é o instinto de sobrevivência. Resta-nos ajuda-los a que a equipa que formam connosco resulte, porque na maioria dos casos eles querem mesmo e só uma mama dentro da boca.

3). Não deixes que ta tirem do peito
Nem quando nascer nem nunca. Durante a gravidez, o único habitat que a Laura conhece é o teu corpo. É apenas natural que o sítio preferido dela, depois de nascer, seja o teu peito. O cheiro é parecido (temos umas glândulas nas areolas que libertam um cheiro parecido com o do liquido amniótico), o som é parecido (o teu coração já é a banda sonora dos dias dela há muitos meses), a temperatura é parecida (o nosso peito adapta-se e regula a temperatura deles) e a comida está sempre pronta e disponível 24h por dia, tal como na barriga da mãe. Não existe colo a mais, bebés mimados ou manhosos, existem bebés mais felizes com mais colo e mais maminha. Podem até fazer contacto pele com pele e quando não puderes/quiseres o pai que experiente, é maravilhoso. Sei que já conheces e praticas, mas relembro que o babywearing pode ser muito útil aqui.

4). A mama resolve tudo menos uma fralda suja
Quando nascem, os bebés não querem só mama porque têm fome. Querem-na porque têm sede, frio, medo, desconfortos, porque precisam de um lugar que reconheçam no meio de tanta coisa nova, porque precisam de contacto, por tudo! Quando a Laura nascer, a mama vai resolver os problemas quase todos dela excepto a fralda suja, esse problema podemos deixar para o pai resolver.

5). O suplemento não tem que ser dado de biberão
Se em algum momento se virem na necessidade de introduzir suplemento têm muitas hipóteses à vossa disposição e a certeza de que não é uma sentença, o suplemento introduz-se e tira-se quando eles estiverem prontos para tal. Podes escolher extrair e suplementar com o teu leite em vez de leite artificial. Podes optar por dar suplemento por copo, colher, seringa, sonda (com sistemas de nutrição suplementar ou com a técnica da sonda-dedo). A introdução de suplemento não tem que significar o principio do fim da amamentação e que se o teu desejo for mante-la há muitas coisas que podes fazer para que a Laura não se habitue a tetinas ou ao facilitismo do biberão. Ah! E muito bebés amamentados não querem nem precisam de chucha, não deixa de ser uma fraca imitação de uma mama.

Resta-me estar disponível para o que precisarem e sugerir a quem te segue e que está ou tenciona amamentar que tenham o numero de uma Conselheira de Aleitamento Materno à mão, nunca se sabe quando pode vir a dar jeito!

 

A Beatriz é muitas coisas. É a Mãe da Vitória e da Olívia (ainda na barriga) e foi com a maternidade que nos conhecemos. Hoje é também uma amiga sempre disponível, CAM (conselheira de aleitamento materno), Doula, Instrutora de massagem infantil (IAIM) e consultora de Babywearing. Conheçam mais sobre a Beatriz aqui e sobre o seu maravilhoso projeto Quando eu Nascer.