Há muito a ponderar quando escolhemos o sítio onde vamos entregar os nossos filhos, quer tenham 4 meses, quer tenham 3 anos. Aquele lugar e aquelas pessoas farão parte da vida deles e será lá que também crescem, aprendem, e formam parte do que serão. Cada família terá as suas razões quando escolhe a creche ou o jardim de infância para os seus filhos. Pode ser uma questão de proximidade, de orçamento, ou pode nem sequer existir alternativa.

Mas podendo escolher, isto é o que eu procuro numa creche. Não são os brinquedos espectaculares, o espaço super moderno ou recente. Não são as actividades xpto tipo física e japonês! Não procuro um espaço em que privilegiam os resultados e as avaliações constantes. Quando escolhi a creche deles, pensei nisto:

1 – As pessoas

Nada mais importa. As pessoas que vão cuidar deles. As pessoas que, em parte, irão ocupar o nosso lugar durante aquelas horas. As pessoas vão ser o colo, as palavras que escutam, o exemplo, o modelo. O mais valioso para mim é saber quem estará lá com eles. Desde a educadora, às auxiliares e até aos funcionários em geral. Quando confiamos em quem entregamos os nossos filhos, tudo fica mais fácil, porque sabemos que, aconteça o que acontecer, eles vão estar bem.

2 – Brincar!

Das primeiras coisas que quero saber quando visito uma creche é se podem brincar. Parece estranho sequer ponderar isso, o óbvio é eles brincarem! Mas nem sempre é assim. Existem creches com pouco espaço para brincar, de tantos horários e actividades, mal sobra tempo para que eles explorem, brinquem livremente, sejam só e apenas crianças. Cheguei a visitar duas creches em que a regra era não haver gritos dentro da sala. Outra em que a brincadeira tem tantas regras que não sobra espaço para a imaginação. Isto choca-me e, para mim, não dava.

3 – Modelo de educação

Saber que modelo de educação segue a escola. Sabemos que isto não é linear, que não há só uma forma de encarar as coisas e que não basta a educadora dizer que segue um modelo para ser suficiente. Mas é bom quando sabemos que a influência é Emilia Reggio ou que o mais valorizado é a criança individualmente, que o nosso filho não vai ser apenas mais um número, uma espécie de robot que tem que atingir determinado patamar até x idade. Depois procuro sempre perceber como falam com as crianças, regras são importantes, os limites também, mas acho fundamental as ameaças e o humilhação ficarem de fora.

4 – Espaço exterior

Ter um espaço ao ar livre é quase imprescindível nos meus critérios. Na ausência dele, eu pelo menos tentaria saber se vão com frequência à rua. Acho mesmo importante que eles brinquem e façam actividades na rua. Não consigo imaginar estarem enclausurados numa sala sempre. É importante para mim que possam correr na rua, quando chegam todos sujos a casa, sei o quanto se divertiram e aproveitaram!

5 – Alimentação

Pode não parecer tão importante, mas para mim é muito. Infelizmente, cada vez mais as creches e escolas são obrigadas a recorrer a empresas que fornecem a alimentação. Mas há muito que se pode fazer e eu tive esse exemplo o ano passado. Podemos exigir, podemos retirar os fritos da ementa, solicitar alterações, abolir as sobremesas, etc. e se a escola permitir isto e colaborar com os pais, faz toda a diferença. Fico de boca aberta quando leio tantas vezes por aí que os miúdos comem pão com Nutella e cereais como Estrelitas ao lanche, servido pela própria escola! Está na hora de cortar com esses hábitos e procurar alternativas mais saudáveis (e até mais económicas para a escola).

Claro que fica muito de fora, importa sempre que tenha as condições mínimas, espaço, higiene, por aí fora.

O mais importante é mesmo ser um lugar de confiança, onde nos sentimos seguros. Nem sempre vai ser tudo do nosso agrado, nem todos os dias vão correr igual, mas quando os nossos filhos estão felizes, isso nota-se. E é por isso que vamos manter o Gui no mesmo lugar, apesar de não ser próximo da nossa casa, apesar de não ser o que mais nos convinha, é sem dúvida um sítio onde ele tem sido muito feliz. E isso vale tudo.