Dizem que não há amor como o primeiro e é verdade. Quando fui mãe pela primeira vez, fui apanhada de surpresa. Levei com um amor que desconhecia em cima, instalou-se no meu coração e ocupou-o por completo, percorreu todo o meu corpo, preencheu todos os meus vazios, coloriu a minha vida, encheu-me de medos e incertezas, mas de uma felicidade parva inexplicável. É um amor tão forte nos deixa sem respirar, que nos dá faz sentir dores de barriga, que nos faz querer ser a melhor do mundo, só para eles.
Depois um dia soube que vinhas a caminho, Laura. A irmã do Gui. A nossa segunda filha. Serás sempre o nosso segundo amor. Um amor que não sabíamos que nos iria deixar sem chão uma vez mais. Um amor que encontrou de imediato o seu espaço no meu coração. Um segundo amor que percorreu todo o meu ser, lado a lado com o primeiro. De repente, senti-me feita de vocês os dois.
Ser a segunda trouxe-te menos atenção na gravidez, mas uma gravidez mais serena. Trouxe-te menos roupas, menos brinquedos, não te trouxe um quarto decorado, não te trouxe planos sem fim. Em compensação, fiz o melhor dos planos e decidi ficar ao teu lado até hoje. Um segundo amor que nos faz deixar-te andar descalça no chão, mexer na terra, não vestir um casaco, deixar-te caminhar em frente com confiança. Um amor que nos veio retirar alguns dos medos, que comeu gelado pela mão do irmão meses antes do que acharíamos ideal, que corre pela casa e imita, inventa, nos faz rir. Um segundo amor sem metas, sem balanças, sem tantas hesitações.
Mas também um segundo amor que nos ensinou que há sempre algo por descobrir. Que os primeiros passos, serão sempre momentos emocionantes. Pode ser um segundo, ou um terceiro amor. Que as gracinhas que faz são sempre como se fosse a primeira vez que as vemos.
Às vezes, estás em segundo plano. Porque sabemos que precisas de menos. Mas também estás em primeiro plano todos os dias ao meu lado. Encontrámos este equilíbrio perfeito. Estes amores que se conjugam, estes amores que sendo o primeiro e segundo, me correm no sangue como um só.
És linda, Laurinha. Tão diferente. Tão única. És o meu segundo grande amor. Mas para sempre um amor sem fim.
16 meses de ti.
2018-02-27 at 13:29
Cá em casa o segundo amor arrebatou-nos de forma diferente do primeiro. Ainda hoje é assim. A Lara, a primeira (com quase 4 anos) é toda feita de mimos e abraços. É a mais sensível e a que nos brinda com amor todos os dias.
A Maria com 20 meses é a mais desafiante e difícil de conquistar. Todavia, quando ela nasceu já a amava imenso e chorei de felicidade quando a vi pela primeira vez (o que não aconteceu com a Lara).
Amo incondicionalmente as minhas filhas e em proporção igual mas de formas muito diferentes porque elas são muito diferentes. É uma surpresa diária a forma com elas mexem com os nossos sentimentos. Às vezes olho para a Maria a fazer birras e sinto um orgulho imenso naquela personalidade forte e torcida. Dou por mim a olhar para ela a sorrir enquanto ela esbraceja e grita no chão de uma loja. 😀