Eu diria sempre sim. É giro, permite-nos conviver com outras futuras mães, criam-se amizades importantes enquanto se aprende alguma coisa. Tenho pena, no entanto, que ainda exista demasiada “desinformação” em alguns destes cursos de preparação para o parto. Mais grave ainda, por vezes é passada informação errada. De qualquer modo, creio que o saldo é sempre positivo. É um momento dedicado ao bebé, podemos retirar dúvidas e partilhar os nossos medos com outros casais na mesma situação e sentimos-nos mais confiantes para a chegada do grande dia.
Durante a gravidez do Gui fizemos vários cursos e workshops. Todos eles diferentes, com informação completamente distinta. Olhando agora para trás, todos eles trouxeram algo de positivo, que mais não seja as amizades que ficaram até hoje. No entanto, nenhum deles nos disse o mais importante. Nenhum deles nos ajudou a compreender de facto a maternidade. Durante essas aulas, a preocupação incide normalmente no parto, como respirar, como fazer, quais os procedimentos que vão ser realizados, o que muitas vezes apenas ajuda a fomentar a ideia que o parto é assustador, doloroso e que precisam de uma equipa de médicos à volta com recurso a dezenas de procedimentos. Fazem-se repetidos exercícios. Discute-se o enxoval e como dar banho. Muitos pais estão de bloco de apontamentos na mão a tirar mil notas que parecem impossíveis de decorar, o grau de inclinação do berço, a temperatura da água, os mililitros de leite!
Desta vez não me sentia capaz de frequentar este género de curso, não era isso que precisávamos. Já tinha decidido não fazer nada até que nos deparámos com o Curso de Preparação para a Parentalidade promovido pela Maternura. Já conhecíamos este maravilhoso centro e já tínhamos tido oportunidade de conversar com a Cláudia, que nos transmite logo a paz e confiança que tanto precisamos durante a gravidez. Não foi preciso pensar muito para avançar e foi a nossa melhor decisão.
O curso está dividido em 6 sessões (3 teóricas e 3 práticas) com número reduzido de casais para que a experiência seja o mais personalizada possível.
Encontros teóricos:
1- As mudanças durante a gravidez
2- Lidar com as dores e o medo do parto
3- Os cuidados e preparativos para o puerpério
Encontros práticos:
1- Comunicar com o feto
2- Conhecer e falar com recém-mães
3- Ver e ouvir os bebés
São encontros abertos, de partilha, onde se vão sentir, mais do que nunca, perto do vosso bebé. Aqui podem conversar sobre tudo, sobre todos os medos, retirar todas as dúvidas, ouvir outras experiências e conhecer outras realidades. Aqui não aprendem como respirar durante o parto, mas sentem o que significa, de facto, o parto. Ajuda-nos a acreditar na nossa força, ajuda-nos a perceber que somos capazes, que temos em nós um poder incrível ao trazer ao mundo um novo ser. A comunicação e o vínculo começam na gestação, é importante estarmos ligados ao bebé que ainda cresce dentro do nosso útero. Com a Cláudia, consegui criar um canal aberto de comunicação com a Laura e conseguimos senti-la mais perto do que nunca.
Neste curso, compreendemos o quanto o bebé precisa de nós, do nosso colo, do nosso conforto e amor. O mais importante não é saber como o vestir ou como deitá-lo na cama. O mais valioso é o nosso instinto de Pais, o nosso corpo que é capaz de tudo e estas sessões ajudam-nos a encontrar esse instinto dentro de nós, ajuda-nos a confiar no nosso poder de mães (e pais), ajuda-nos a sentir capazes.
Aqui fala-se de parto humanizado e respeitado. Discutem-se opiniões, abrem-se portas, partilham-se os maiores receios e desmistificam-se ideias erradas sobre a dor e sobre o parto, que por vezes estão demasiado enraizadas. Foi também muito importante para nós ouvir relatos de outras mães que partilharam connosco o seu parto e o que sentiram nesse dia, de forma aberta e honesta.
Com a ajuda deste curso, tomámos a decisão mais importante de todas. Foi com a Cláudia que senti como queria que fosse o parto da Laura. O mais valioso que trouxemos, foi a certeza que este vínculo entre nós os quatro (eu, o pai, o Gui e a Laura) será tudo o que precisamos para que nesse dia tudo corra bem, aconteça o que acontecer. Esta ligação ninguém nos pode retirar.
Todos os cursos de preparação deviam ser assim. Deviam servir para apoiar os pais, transmitir confiança à mãe, lembrá-la que ela está a gerar dentro dela um novo ser e que é poderosa, capaz, forte. Um curso onde podemos conviver de facto com bebés, vê-los, perceber o que precisam. Não se aprende a ser mãe através de aulas e excesso de informação. Aprende-se a ser mãe ao ouvir o nosso coração e o nosso instinto e precisamos, ao longo da gravidez, de fazer crescer, ao mesmo tempo que cresce também o bebé, essa confiança em nós próprias. Ser mãe não é um processo isolado, precisamos de um enorme apoio à volta, de uma comunidade de suporte. Nem todos os dias serão fáceis e se soubermos isto, se soubermos com quem contar nesses dias, que apoios ter e a quem recorrer, o nosso coração está mais tranquilo.
Nós estamos muito felizes, sabemos que podemos recorrer sempre à Cláudia e à Maternura, um centro que surge para apoiar, acima de tudo, as mães e dar-lhes colo quando elas também precisam.
Comentar