Este foi um bom ano. Um ano que nos pareceu tão curto, mas também o ano mais rico e preenchido de sempre. O ano em que vivemos a 4, em que a nossa casa esteve mais cheia, e em que eu estive mais perto deles do que nunca.
Fomos felizes no frio, achei que iria deprimir fechada em casa com a Laura, mas foram alguns dos melhores dias que vivemos. Dias lentos, aconchegadas uma na outra. Os dias em que percebi que o pós-parto pode ser maravilhoso e o que eu aproveitei da minha filha já nunca ninguém me tira. O Gui cresceu e foi-se tornando no irmão mais velho que eu sabia que ele iria ser. Atento, carinhoso, doce, dedicado. A Laura aprendeu a pegar em brinquedos e foi-se apaixonando também pelo irmão. Fomos ver os peixes e as raias. Tirámos fotos lindas com os raios de sol de fevereiro. Tirámos milhares e milhares de selfies. O Gui divertiu-se tanto vestido de bombeiro no carnaval, e em muitos dias que se seguiriam neste ano. Despedi-me de amigos muitos especiais. Fiz amigas num grupo de mães, saí mais de casa, conversei, aprendi, a Laura fez amigos também. Fomos passear tantas vezes. Muitos museus, parques, escorregas. Demos comida aos patos e a Laura comeu o pão todo. Fizemos uma mini horta em casa numa estufa. Escolhemos a casa que viria a ser nossa. Acompanhámos as obras e vimos o nosso sonho tornar-se real. Fizemos pinturas no chão, no papel, na banheira e no corpo, muitas vezes. Peguei o meu afilhado ao colo pela primeira vez. A Laura pisou relva, o sol chegou e trouxe menos roupa e mais rua. O Gui fez 3 anos e demos uma festa linda. Comeu gelados ao sol. Teve a festa do Bolt. Cantámos muitas vezes os parabéns e ele não parou de falar na festa dele o resto do ano. A Laura começou a comer. Foi um dia de emoções mistas. Feliz por ela dar mais um passo. Mas uma parte de mim doeu por deixar de a amamentar em exclusivo. Comeu muito. Mostrou-nos o que um bebé é capaz. Fiz 30 anos. Passámos o dia juntos. Fomos à praia pela primeira vez com a Laura. Ela comeu areia, riu à gargalhada. Comemos sushi. Tive uma festa surpresa com os meus amigos mais próximos. Fomos tantas vezes à praia depois da primeira. Cada vez melhor. Dias felizes, longos, com muita euforia, muito cansaço também. Andámos de comboio, de barco e se bicicleta. Mostrámos ao Gui e à Laura como o mundo pode ser bonito, especialmente com irmãos. Beijei muitas vezes os pés deles e cheirei-lhes o cabelo enquanto dormiam no meu colo. Passei muita horas deste ano a amamentar a Laura, em casa, em todos os lugares. Passei muitas noites sem dormir. Conheci pessoas espectaculares através do blog e meti-me em novos projetos. Ajudei os outros. O Gui foi roqueiro por um dia. Dissemos adeus à creche que o viu crescer e chorámos. Passámos semanas sozinhos na casa dos avós, com muita piscina, sestas na rua, mimos da bisavó e dos avós. Apanhámos morangos, comemos melancia, andámos descalços até doerem os pés. Lançámos um papagaio colorido na praia. Passei muitos dias sozinha com os dois e nunca tinha sentido tanto cansaço e tanta recompensa. Fiquei cada vez mais grata pela vida que tenho. Dormiram os dois agarrados várias vezes. O Gui fez birras. Muitas. As birras diminuíram. As birras quase desapareceram. Fomos grandes em casas pequeninas. A nossa casa ficou pronta. Eu fiquei muito doente e nunca me foi tão difícil ser mãe. Passámos 3 dias fora. Eles andaram de carrossel juntos. Fizemos a vindima em casa dos avós. O Gui esmagou uvas. Passaram a tomar sempre banho juntos. Entrei numa flashmob. O pai fez 32 anos. A Laura vestiu um vestido e começou a andar sempre em pé. Dançaram juntos. A Laura fez 1 ano. Tirámos fotos perfeitas. Organizámos a melhor das festas. Tivemos quase todos os nossos amigos e família na nossa casa para cantar os parabéns. O Gui fez 1 ano de irmão mais velho e também recebeu prendas e mimos. Cantámos os parabéns e ele fez uma cara de orgulho que eu nunca esquecerei. A Laura foi bailarina por um dia. O Gui vestiu-se de fantasma. A Laura deu os primeiros passos e eu chorei. Chegou o Natal. Decorámos o Pinheiro juntos. Fomos ver o pai natal. Fizemos postais. A Laura ficou muito doente e deu-nos uma lição. O meu coração parou, como pára sempre que os nossos filhos adoecem. A Laura ficou boa e os nossos sorrisos voltaram. O pai Natal foi a nossa casa. A Laura corre tudo com o irmão. A nossa casa é barulhenta, cheia, desarrumada. Eles riem alto. Brincam juntos. Discutem e fazem as pazes. Eles não param e não nos deixam parar. A nossa casa é vida.
2017 foi um ano forte. Um ano de proximidade. Um ano que chegou ao fim e que me deu todas as certezas que estou onde preciso estar. Ao lado deles.
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