Ser mãe ensinou-me a estar calada. A perceber a diferença abismal entre teorias e vida real. Ser mãe fez-me pensar que já fui tão parva e ingénua. Antes de ser mãe achava tudo mais fácil, também achava que não ia amamentar em público, que ia deixar os meus filhos com os avós para poder descansar, que nunca os ia deixar ver iPad num restaurante, e por aí fora. Chegou o Gui e mostrou-me que afinal o colo não é a mais, que não o conseguia deixar assim tão facilmente, que muitos “nãos” são difíceis de dizer e que educar é difícil, mas mesmo difícil de verdade. Depois, quando eu já achava que sabia estar calada, que sabia baixar as expectativas, que já sabia que ser mãe era das coisas mais exigentes que podemos viver na vida, veio a Laura para me ensinar que ainda há tanto para aprender. Aprendi que falar baixo não resulta sempre, como eu achava que sim. Que nem sempre chega explicar tudo com calma (apesar de ainda seguir a mesma linha de educação e acreditar que é esse o caminho), a Laura mostrou-me que depois de não dormir meses e meses seguidos, fica cada vez mais duro encontrar toda a paciência, às vezes parece ser toda a paciência do mundo. Aprendi que não devemos nunca julgar a cara de uma mãe, não sabemos porque está chateada, o que se passou, há quantas horas dura uma cena dos filhos e porque razão aconteceu. Aprendi a ser mais empática quando vejo uma criança a ter um comportamento que podemos até achar errado, não sabemos se foi só naquele dia, não sabemos se dormiu ou não, se aconteceu alguma coisa na vida daquela família. A Laura foi um bebé calmo, ao contrário do Gui, e agora é uma menina de 2 anos que me mostrou que podemos corar como um tomate no meio de uma loja, que podemos ouvir comentários como “que feia, que mal educada” de quem nunca vimos na vida e sentir que nos apetece desaparecer dali. A Laura é doce, dá os abraços que o irmão não gosta de dar, pede desculpa sem nunca lhe termos pedido, canta e dança pela casa, traz uma alegria única à nossa vida. E depois também foge, corre por todo lado, pede colo o dia inteiro menos quando eu quero pegar-lhe. É de ideias fixas e deitou um pouco por terra o nosso orgulho na educação do Gui, porque afinal nem tudo funciona da mesma forma e temos que aceitar a personalidade e as necessidades de cada um e ajustar.
Acho que uma das principais lições de uma mãe é nunca mais julgar o que quer que seja que aconteça com outras mães, porque podemos ter as nossas teorias, podemos safar-nos lindamente com elas, mas o mérito está sempre mais nos filhos do que em nós. A nós resta-nos respirar fundo, dar o nosso melhor, perdoar-nos e perdoar-lhes sempre, não julgar e ignorar de grande quando nos julgam a nós. Se fizermos isto, acho que vai correr tudo bem.
2019-01-08 at 22:42
Adorei ler Andreia. Um grande abraço
2019-01-09 at 01:01
Andreia é tão isto… Também vivo cenas assim atualmente. Tenho uma menina doce sensível, alegre e muito preocupada com o que os rodeiam. Tenho uma menina que vira a cara quando estranhos se “metem com ela” e também já ouvi “ai que mau feitio” e também só me apetecia fugir e não sei como ganhei coragem e respondi :”as crianças são como nós … Também não gostamoa que alguém esteja sempre a insistir connosco se não queremos fazer alguma coisa”. A maternidade ensinou – me a saber impor-me e a dizer não sobretudo aos outros adultos. Haja paciência.beijinhos Andreia
2019-01-09 at 02:19
Tão isto Andreia! Se um filho nos mostra a “dureza” de ser mãe, então o segundo enche-nos ainda mais de (in)certezas 🙂 e está tudo bem
2019-01-09 at 13:04
Tão verdade que fiquei com um nó na garganta. Obrigada