1 semana depois do parto da Laura
Eu fujo sempre destes temas, começam devagarinho, mas de repente estão por toda a internet e, às tantas, já estou tão cansada de ler sobre isso que desisto de escrever. Mas desta vez achei que valia o esforço, não pelo assunto em si, mas porque isto é mais do mesmo e já irrita! O ódio que as mulheres destilam umas pelas outras já é conhecido por todos, eu costumo preferir ver o outro lado, até porque o blog e a minha experiência enquanto mãe têm-me presenteado mais com essa versão, a do apoio e entreajuda das mães. Mas, infelizmente, ainda estamos longe disso ser uma realidade assim tão geral. O que mais enerva no meio disto tudo é que quando surge um tema mais badalado, não param de chover mães em choque com tanta coisa horrível que foi dita bla bla bla. A verdade é que algumas pessoas que escreveram sobre este tema, defendendo que cada mulher é única e que devemos respeitar cada uma delas, são as mesmas que tantas vezes gostam de humilhar outras mães. Aliás, os textos mais comentados em blogs, por exemplo, são aqueles em que as pessoas se sentem à vontade para poderem libertar algum desse ódio por outras mães e outras escolhas. Eu acho que o respeito pelos outros se vai perdendo porque já sabemos, atrás o ecrã toda a gente diz o que quer, depois ficamos surpreendidos quando se lêem ofensas graves quando alguém famoso coloca uma fotografia ou um vídeo a dançar 5 dias depois de parir. Não vamos ser hipocritas, a maioria de nós não é santa, por isso, mais cedo ou mais tarde, todas acabamos por tecer algum comentário sobre outra mãe, todas acabamos por criticar alguma escolha, ou todas acabamos por nos rir forte e feio de uma publicação qualquer num grupo de mães. Mas o grave é quando isto deixa de ser algo que fazemos interiormente, ou enquanto tomamos café com uma amiga, e passamos a achar que podemos ofender livremente os outros, seja em comentários, seja em blogs. O único comentário que recebi até hoje a gozar com outra mãe (também blogger) foi apagado, porque eu penso assim, acho que não devemos abrir esse precedente e não, não podemos escrever o que queremos, a conversa do “todos temos opinião” não cola para tudo.
Por isso, sim, cada mulher é diferente. Cada escolha merece ser respeitada. Cada corpo é único. Cada mãe faz o que bem entender no pós-parto. Mas dizer isto não chega! Podemos ter direito a uma opinião, a minha é que a ideia de que saímos da maternidade aos pulos, de barriga lisa, prontinhas para o trabalho, é algo que causa ansiedade a tantas mães, porque eu acredito que não é assim que acontece com a maioria. Mas não precisam ser famosas para isso acontecer, já vi mulheres horas depois de parir, super frescas, como se nada tivesse acontecido. Isso não merece também ser respeitado da mesma forma? Eu própria parecia ter sido atropelada depois do parto do Gui e da Laura sentia-me bem e estava em pé umas horas depois, sem qualquer dor. A verdade é que a minha escolha foi viver os primeiros meses mais recatada, a namorar os meus filhos, em casa, sem pressa. Mas é só isso mesmo, uma escolha.
Mudar isto passa por mudarmos a nossa forma de agir, aquele prazer que temos em rir dos outros de forma negativa. Não fica bem falar de respeito só quando falamos de famosas, também fica bem quando falamos daquela mãe de quem nunca ninguém ouviu falar que publicou qualquer coisa num grupo de Facebook e que meio mundo veio gozar. Também fica bem quando se aponta o dedo à tal mãe das aulas de preparação para o parto que escolheu uma cesariana. Também fica bem quando são mães anónimas, mas que são mães e que estão a viver a maternidade à sua maneira, a quem podemos dar a mão, ou simplesmente não dizer nada, porque não temos que nos identificar com toda a gente, mas também não vamos mudar nada a ofender.
A mim irrita-me ver tanta indignação hoje, porque amanhã já está toda a gente a comentar uma publicação qualquer a ofender outras mães e o mundo volta a girar.
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