Vamos lá desenterrar a cabeça da areia. A vida está a acontecer agora. Não desperdicem o vosso tempo com quem não interessa. Ontem, por instantes, já me estava a deixar ir atrás dos outros, dos pais dos outros, dos pais com ar de frete e aborrecidos com tudo, com ar de quem vai ali ser juíz e decidir quem se porta pior. Por instantes, mandei-os falar mais baixo no restaurante, só porque que a outra me lançou um olharzinho fulminante de quem saiu à rua para não ser incomodada. E quando damos conta, estamos a irritar-nos com os nossos filhos, esses que estão alheios a tudo, sem reparem em absolutamente mais ninguém a não ser em nós, estão felizes, estão eufóricos, a tentarem apenas ser crianças, com direito a tudo. Estamos sempre a pedir-lhes que aproveitem, mas se os estivermos sempre a impedir, de que vale? E pensar que eu já cheguei a deixar que os outros e a sua mesquinhez me arruinassem dias especiais, dias em que os meus filhos estavam para lá de felizes! Eu, que me calo sempre que acho que as minhas palavras podem magoar, mas que ouço o que não gosto, sem ter pedido opinião.
Vamos deixar de viver de cabeça enterrada no chão. Não é fácil sermos capazes de ignorar os outros, mas sabem o que ajuda? Olharmos para os nossos filhos nesse momento e copiar o que eles fazem. Eles são os únicos capazes de nos ensinar a viver o momento, enquanto se estão marimbando totalmente para quem está à volta com ar de aborrecido e chateado.
Siga! A vida não espera.
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