Estou sempre a dizer-te para parares de crescer. Tu costumas rir à gargalhada. Dizes que não, que vais crescer muito, que queres ter 4, 5, 6 anos e que um dias vais ser como o pai. Os teus olhos brilham. Tu queres crescer, viver, ser como nós. E assim eu sei o quanto és feliz.
Desculpem filhos, se às vezes, muito secretamente, eu desejo que fiquem assim pequenos durante mais tempo. Que sejam os meus bebés, ainda que o vão ser eternamente no meu coração. Não pensem que não adoro ver-vos crescer, falar cada dia mais, ver-vos conquistar a vossa autonomia, ouvir o que têm para nos contar, aprender com o que o vosso olhar vê e eu já esqueci como se faz. Mas tenho medo que cresçam, porque será sempre rápido demais, tenho medo do dia em que não me couberem no colo, ou que já não precisem tanto dele, tenho medo do dia em que já não vos ouça respirar ao meu lado pela noite dentro, tenho medo do dia em que já não vos sinta sempre agarrados a mim enquanto ando pela casa a arrumar, que já não vos ouça constantemente chamar pelo meu nome, medo dia em que já não me olhem com esse olhar.
Eu sei que faz parte, eu sei que vocês não me pertencem, a minha missão é cuidar, apoiar, guiar, amar sem fim e ser a rede para que possam voar em segurança.
Passou mais um ano. Não consigo agarrar o tempo e por mais que vos peça para que parem de crescer tão rápido, todos os dias vos vejo maiores.
Cresçam devagar, meus amores. Deixem-me ter tempo de vos acompanhar.
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